O telefone de uma das filhas do tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), aparece como peça central no esquema de falsificação de dados do cartão de vacinação do ex-presidente. A informação é do jornalista Leandro Demori em sua newsletter, “A Grande Guerra”.
O número de telefone está registrado em um documento, chamado de Representação Policial, enviado pela Polícia Federal (PF) ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante as investigações sobre o esquema criminoso.
Na última quarta-feira (3), a PF deflagou a Operação Verine para investigar a suposta prática de inserção de dados falsos de vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.
Ao todo, os agentes cumpriram 16 mandados de busca e apreensão em Brasília, um deles na casa de Bolsonaro, e no Rio de Janeiro. Seis pessoas foram presas, entre eles Mauro Cid.
No documento, os investigadores provam que a conta do ex-mandatário no sistema Gov.br era administrada pelo seu então ajudante de ordens. Em certo momento, esse gerenciamento teria passado às mãos de outro assessor.
O endereço de e-mail usado para acessar o sistema de Bolsonaro no ConecteSus e gerar certificados de vacinação fantasma era: danmarcacamara70@gmail.com. Segundo a PF, o e-mail pertencia a Marcelo Costa Camara, então assessor especial do Presidente da República.
A corporação não notou, no entanto, que o endereço de Marcelo está ligado a um número de celular que aparece mais adiante na investigação, o de Beatriz Cid, filha de Mauro Cid.
O print está na investigação da própria PF. O celular usado por Beatriz, telefone final 4852, está cadastrado para recuperar a senha do e-mail de Marcelo.
A conta do ex-chefe do Executivo no Gov.br, portanto, teria continuado nas mãos do seu ajudante de ordens durante toda a fraude.
Essa seria mais uma evidência de que todo o esquema foi operado diretamente pelo braço direito de Jair Bolsonaro.