Michel Temer deveria encarar a greve geral do dia 28 como uma homenagem.
Uma homenagem à sua pequenez, à sua falta de escrúpulos, ao golpe para o qual conspirou e aos seus 4% de aprovação.
Um presidente que se orgulha de ser impopular, naquela formulação ridícula de Nizan Guanaes, terá o nome ouvido pelos quatro cantos do Brasil, clamando para que desapareça.
Ele conseguiu, afinal, unir um país dividido.
Bancários, metroviários, motoristas de ônibus, professores da rede pública e de escolas particulares, setores da igreja católica, das evangélicas, petroleiros e servidores de várias regiões anunciaram sua adesão.
A direção do São Luís, colégio paulistano tradicional e caro, afirmou em carta que a paralisação deve ser tratada como um “fato educativo” e que reflete “o momento histórico pelo qual passamos”.
Sim, MT fará história.
Não adiantou a rede de boçalidade representada por MBL e quejandos vir com a velha ladainha de que se trata de coisa de esquerdopatas, que é uma “pauta oculta dos sindicatos” e que é “tudo pró-Lula”.
Essa canalha foi engolida pela realidade, pela crise que ajudou a instaurar, e muitos de seus seguidores estarão de braços cruzados.
Não adiantou o prefeito de São Paulo fazer o costumento marketing, distribuindo viagens de taxi “de graça” — quem paga a conta? A Angélica?
Até Paulinho da Força, da base aliada, acha que “tem tudo para tornar-se um marco histórico na resistência da classe trabalhadora contra as frequentes ameaças do governo de, sob a alegação de sanar os cofres públicos, suprimir direitos de todos os brasileiros”.
É uma resposta à casta que, encastelada no Congresso, aprova reformas rejeitadas maciçamente em todas as pesquisas.
Janio de Freitas escreveu que “já se sabe de quem a aberração Temer tira para dar a quem. É a lógica da aberração Temer: já que do povo não obtém popularidade, dele tomar o que possa.”
Michel reagiu à sua maneira: vai descontar no salário dos servidores que não comparecerem ao trabalho.
É como ele opera: na mesquinharia.
A greve geral será uma oportunidade para ele testemunhar como é gigantesca sua presença na vida nacional e como ela é imensamente indesejada.
Já escrevi e repito: não fosse um anão moral, teria a grandeza de renunciar.