Alçado ao palácio do Planalto através de um consórcio patrocinado pelo Congresso Nacional, o poder judiciário e a grande mídia nacional, o Judas tupiniquim não só atentou contra todas as conquistas econômicas e sociais adquiridas nos últimos treze anos, quanto promoveu uma verdadeira devassa no que restava de dignidade na política brasileira.
Sob o discurso populista de reduzir o número de ministérios em nome da “moralização” do poder público, ao mesmo tempo em que fechava pastas de extrema relevância para temas relacionados à desigualdade social, racismo, preconceito, violência e igualdade de direitos, fortalecia o seu chamado “núcleo duro do governo” com a escória da política nacional.
O resultado não poderia ser outro. A “excelência” do novo governo pode agora ser traduzida na inacreditável média de um ministro de Estado defenestrado por corrupção a cada mês de tropeços, mentiras e conluios.
Mais do que isso, o desastre se alastra em todos os setores da economia. Ungido como o “salvador da pátria” que traria a retomada do crescimento e do emprego ao país, a dupla Temer/Meirelles amarga mês após mês a triste realidade dos fatos: a estrutural inépcia e incompetência de seu governo em resolver os problemas criados e/ou agravados por eles próprios.
Os dados divulgados pelo IBGE não deixam dúvidas. O cenário piora e um horizonte de recuperação fica cada vez mais distante. O PIB do terceiro trimestre de 2016 recuou -0,8% em relação ao segundo e -2,9% em relação ao mesmo período de 2015 (quando a mídia e os puritanos da oposição alardeavam que Dilma havia colocado o país no fundo do poço).
Ainda segundo os dados do IBGE, a queda não poupou ninguém. Indústria (-1,3%), agricultura (-1,4%), comércio (-0,6%), investimento (-3,1%) e consumo (-0,6%) – todos em relação ao segundo semestre – mostram o quadro desenhado pelo governo Temer e sua política econômica. Empregos com carteiras assinadas, é claro, continuam caindo. Só em outubro foram mais de 74 mil postos de trabalho encerrados.
Fora tudo, em sintonia com o Planalto o parlamento brasileiro não para de dar a sua valiosa contribuição no aprofundamento da crise e o seu consequente e inevitável efeito devastador nas já tão gritantes desigualdades e injustiças sociais.
Nesta terça (29), o Senado aprovou em primeiro turno a temida PEC do teto dos gastos. Caso confirmado em segundo turno, haverá um congelamento desastroso nos investimentos destinados à educação e saúde pelas próximas duas décadas.
Essa proposta de emenda constitucional feita pelo governo e caninamente acatada pelo poder legislativo levou uma multidão à protestar na Esplanada dos Ministérios. O que se viu foi uma praça de guerra movida à mais tradicional repressão policial.
À medida que o tempo passa e fica mais claro que a violenta retirada de Dilma Rousseff da presidência da República serviu a um propósito espúrio completamente diverso dos anseios de uma sociedade que se quer justa e democrática, maiores serão as demonstrações da convulsão popular que se forma em meio ao arrependimento e desilusão.
Ninguém mais duvida da incapacidade gerencial de um governo oriundo do que mais podre existe numa política já putrefata. A pergunta agora a ser feita é em que momento Temer e seus cupinchas afundarão de vez o país no mais completo caos social.