Temer pode estar por trás da absolvição de Russomanno no STF. Por José Cássio

Atualizado em 10 de agosto de 2016 às 9:25
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O voto do ministro Gilmar Mendes pela absolvição de Celso Russomanno por crime de peculado (no português claro: desvio de dinheiro público) no Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira, 9, levou muita gente a acreditar que o presidente interino Michel Temer pode estar por trás da decisão.

Além de Mendes, que deu o voto de minerva, manifestaram-se a favor do deputado os ministros Dias Toffoli e Celso de Mello.

Carmen Lúcia, relatora do processo e o ministro Teori Zavascki, mantiveram-se favoráveis à condenação.

“A decisão reforça a tese de que Temer está jogando para tirar o Fernando Haddad do segundo turno”, afirmou Paulo Fiorillo, presidente do diretório municipal do PT. Fiorillo lembrou que Russomanno é forte justamente nos bairros periféricos, onde o PT tradicionalmente tem boa votação.

“Mas decisão da Justiça nos cabe acatar”, disse o dirigente.

No PMDB, a absolvição foi recebida com naturalidade.

“Russomanno é um nome forte, conhecido, mas para os eleitores, principalmente os mais humildes, a sua candidatura é uma faca de dois gumes, já que os problemas da cidade são mais complexos que aquilo que ele mostra na TV todos os dias”, comentou Fábio Fortes, presidente da Associação de Moradores e presidente licenciado do Conseg de Santa Cecília. “Sem perceber, as pessoas podem estar comprando uma falsa ilusão”.

Muna Zeyn, coordenadora da campanha de Luiza Erundida (Psol), mostrou indignação com a decisão do STF.

“Se a intenção é mudar as coisas para melhor, esquece”, disse ela.

“É um passo atrás, a sinalização de que vale a pena tripudiar sobre a ética e a dignidade na vida pública. Ninguém pode usar dinheiro público para fins pessoais”.

Evando Losacco, vice-presidente do PSDB e membro do conselho político da campanha de João Doria, evitou juízo de valor.

“Nossa campanha será focada em propostas, não nos adversários”, disse ele. “O que esperamos do Russomanno é que ele exponha seus planos para a cidade e que o eleitor possa compará-los com os nossos”.

O certo é que Doria, cuja aceitação, segundo as pesquisas, é maior na região do centro expandido, onde se concentram os bairros ricos, é o que menos deve sofrer perda de votos com a absolvição do candidato do PRB.

A briga vai ser grande mesmo é nos bairros afastados onde estão os eleitores mais pobres e menos escolarizadaos, tradicionalmente inclinados a apoiar candidatos populistas como Russomanno ou com discurso voltado para o social, como os de Marta, Fernando Haddad e Erundina.

“Com o tempo de TV vamos poder mostrar tudo o que fizemos em quatro anos”, afirmou Fiorillo. “A torcida do presidente interino contra a nossa ida para o segundo turno é um forte indício da força da nossa candidatura”.