Temer rodou a baiana e até Pinda ficou grande demais para o Geraldo. Por José Cássio

Atualizado em 6 de setembro de 2018 às 11:36
Presidente Michel Temer acompanhado do Governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, durante a cerimônia de Outorga de Título de Cidadania Ituana ao senhor José Eduardo Bandeira de Mello. Foto: Marcos Corrêa/PR

Seria indigno se Geraldo Alckmin sepultasse o sonho da presidência sem o abraço de afogados com seu cúmplice no golpe que desestabilizou a democracia e jogou o Brasil no abismo.

E ele veio em grande estilo, num vídeo patético postado por Michel Temer no Twitter.

– Me dirijo a você. A você, pelas suas falsidades que você tem colocado no seu programa eleitoral, e eu não posso silenciar em homenagem ao povo brasileiro.

Homenagem ao povo brasileiro, Temer?

O caipira de Tatuí continuou reclamando do compadre de Pindamonhangaba.

– Você diz que a educação foi um desastre. Pois você sabe quem foi o meu Ministro da Educação? O Mendonça Filho, que é do DEM (Democratas), um partido que apoia a sua candidatura e o Mendonça um belíssimo trabalho (sic).

– Segundo ponto, prosseguiu o golpista. Você fala mal da saúde como se a saúde fosse um desastre. A saúde melhorou muito no nosso governo e está com o PP (Partido Progressista), um partido que apoia a sua candidatura, teve três ministérios e continua com três ministérios, e ele, Ricardo Barros, que foi ministro, também fez um extraordinário trabalho. E você critica, critica indevidamente.

Geraldo poderia ter ficado sem essa, não fosse sua completa falta de noção.

Imagina que o mundo é ‘Pinda’, onde ninguém cobra sua falta de compromisso com aquilo que diz e com os aliados com quem se junta.

Temer cobrou a fatura.

– Você critica a área de indústria e comércio. Você sabe quem foi o ministro? Foi o Marcos Pereira, que é candidato a Deputado Federal do PRB (Partido Republicano Brasileiro), que apoia a sua candidatura. Estava no meu governo e continua no meu governo, e agora é base de apoio da sua candidatura.

Presidente nacional do PSDB, Geraldo nunca se importou que Aloysio Nunes se mantivesse fazendo atrapalhadas no ministério das Relações Exteriores.

E como se nada fosse com ele, prosseguiu fustigando o ‘parsa’ na propaganda eleitoral gratuita, até tirar o golpista do sério.

– Se você fala em desemprego, você sabe quem conduziu o Ministério do Trabalho e outros órgãos conexos? Foi exata e precisamente o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), que apoia a sua candidatura e está na base do meu governo. E se você vier a ganhar a eleição, essa base será a sua base governamental.

O compadre de Tatuí fuzilou e ainda mandou um conselho no final.

– E eu me lembro, Geraldo, quando você, como candidato a Governador e candidato a Presidente, nas vezes que eu te apoiei, precisamente para esses casos, eu acho que você era diferente.

– Não atenda ao que dizem os seus marqueteiros, atenda apenas a verdade, e a verdade significa que nós fizemos muito por essas áreas, conduzidas por aqueles que apoiam a sua candidatura.

Ao atentar para a entrelinha contida na frase “e a verdade significa que nós fizemos muito por essas áreas”, não resta a menor dúvida de que Temer e Geraldo nasceram um para o outro.

Crias do mesmo caldo de cultura política, focado no casuísmo e no compadrio. A diferença é que Geraldo, mestre na dissimulação, não se sabe o motivo nunca foi cobrado de nada, nem quando abandonou Cláudio Lembo nas trincheira com o PCC, como contamos neste DCM uma semana atrás.

Seu azar é que Temer não é Cláudio Lembo. Cansado do namoro no escurinho, rodou a bahiana em praça pública e entregou de vez o ouro para o bandido.

Pobre Geraldo. Pindamonhanga está ficando grande demais para ele.