Chega a ser vexaminoso a insignificância moral e representativa de Michel Temer a nível nacional e internacional. Recém conquistado o título de político mais mal avaliado do país, a mais nova repulsa além-fronteira a seu nome veio de dentro dos muros do Vaticano.
Em resposta a um convite da Presidência da República emitido pelo governo brasileiro para as comemorações dos 300 anos da aparição de Nossa Senhora Aparecida, o sumo pontífice da Igreja Católica simplesmente declinou do pedido.
A desculpa oficial utilizada pelo papa Francisco foi a de que sua agenda o impediria de visitar o Brasil neste ano. Mas o que até os querubins da Capela Sistina já sabem é que Jorge Bergoglio foge de presidentes dessa estirpe como o diabo foge da cruz.
Não é a primeira vez que o papa Francisco dá claros sinais de sua insatisfação com o cenário político brasileiro montado por Michel Temer e sua quadrilha.
Além de já ter enviado uma carta não oficial em apoio a Dilma Roussef, em setembro do ano passado o líder católico declarou que o Brasil vive um “momento triste”.
A novidade é que desta vez o papa pesou a pena em sua missiva. Aproveitou a sua resposta para lembrar ao decorativo presidente do Brasil algumas lições de fundamento cristão.
Escreveu ele:
“Sei bem que a crise que o país enfrenta não é de simples solução, uma vez que tem raízes sócio-político-econômicas, e não corresponde à Igreja nem ao Papa dar uma receita concreta para resolver algo tão complexo. Porém, não posso deixar de pensar em tantas pessoas, sobretudo nos mais pobres, que muitas vezes se veem completamente abandonados e costumam ser aqueles que pagam o preço mais amargo e dilacerante de algumas soluções fáceis e superficiais para crises que vão muito além da esfera meramente financeira”.
Nesse momento até os fantasmas do Palácio do Jaburu se enrubesceram de tanta vergonha. Mas a lição de Bergoglio continuou, certeira e implacável.
Ciente das cruéis “reformas” que o traidor da República impõe a toda uma nação, arrematou:
“Não se pode confiar nas forças cegas e na mão invisível do mercado”.
O papa e o resto do mundo civilizado sabem a que deus serve Michel Temer.
O capital, que financiou o golpe de Estado e o alçou ao mais alto cargo da democracia, é impiedoso com todos aqueles que não fazem parte de seu seleto círculo de convivas.
A preocupação do papa Francisco em relação às classes sociais menos favorecidas não é só real, é urgente.
Desde que Temer assumiu o poder, foram justamente os mais pobres os primeiros a sentirem os resultados mais trágicos de sua política econômica.
Não é por acaso que durante as celebrações da Semana Santa em todo o país houve inúmeras manifestações contra o atual presidente onde invariavelmente foi retratado e malhado como o Judas tupiniquim.
A julgar pela pauta que adota frente a um país dilacerado, o seu abandono e descaso com os mais pobres e partindo do princípio que é indigno de sequer receber a simpatia de um homem bom e afável como Jorge Bergoglio, não me admira que no fim das contas acabe sendo excomungado pela religião que diz seguir.
A pergunta que fica é: se não é o céu a recebê-lo, estaria o inferno preparado para tamanha maldade?