Tempo seco e céu alaranjado devem continuar até o fim da primavera; entenda

Atualizado em 19 de setembro de 2024 às 14:23
Céu alaranjado em SP pelas fumaças de queimadas. Foto: reprodução

A primavera começa no próximo domingo (22) com um cenário de ondas de calor, seca e incêndios que têm afetado o Brasil. Especialistas indicam que a situação não deve melhorar tão cedo, com a previsão de um clima extremo até o final de 2024 ou início de 2025.

O meteorologista Micael Amore Cecchini, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, afirmou, em entrevista ao Uol que não há expectativa de reversão desse cenário em breve. “Estamos esperando meses mais quentes do que a média, e as chuvas também ficarão abaixo da média na maior parte do país”, explicou.

Além disso, eventos como chuvas pretas e céus alaranjados podem se tornar mais frequentes devido às queimadas e à seca prolongada. “Se não houver uma contrapartida da sociedade, podemos ver mais fenômenos como esses”, alertou Cecchini.

Ele também enfatizou que as mudanças climáticas causadas pela ação humana, como o desmatamento e o aumento de gases de efeito estufa, são as principais responsáveis pelo agravamento do cenário atual. “Estamos vendo as consequências de anos de falta de controle sobre a emissão de poluentes”, acrescentou.

Já a meteorologista Andrea Ramos, do Climatempo, reforçou que o aumento das temperaturas médias globais tem levado a uma maior frequência de eventos climáticos extremos. “Chuvas que eram previstas para um mês estão acontecendo em um único dia, o que intensifica o impacto”, explicou .

Incêndio no Parque Nacional de Brasília. Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Ela também apontou que o fenômeno El Niño, que começou em 2023, intensificou tanto as ondas de calor quanto as chuvas torrenciais, tornando 2023 o ano mais quente já registrado. “A seca e o aumento da biomassa no solo criaram condições ideais para as queimadas”, detalhou Andrea.

A expectativa para os próximos meses é que o fenômeno La Niña se forme, trazendo um resfriamento das águas do Pacífico e, potencialmente, uma trégua para o calor. Mas a exposição prolongada à fumaça das queimadas e ao ar seco pode trazer sérios riscos à saúde, especialmente em áreas urbanas como São Paulo, que já sofrem com a poluição.

“A fuligem das queimadas adiciona uma nova camada de problemas, agravando doenças respiratórias e aumentando complicações pulmonares”, alertou Cecchini, que também destaca que crianças e idosos são os mais vulneráveis.

Outro efeito preocupante das secas prolongadas é o impacto nos reservatórios de água, que podem não ser reabastecidos adequadamente. “Sem chuvas suficientes para restabelecer os níveis dos reservatórios, a escassez de água será uma realidade”, afirmou, apontando também para o risco de uma crise hídrica que pode afetar diretamente a produção de alimentos, aumentando os riscos para a segurança alimentar no país.

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