Tenente-coronel da PM reage ao assistir a vídeos de abusos policiais. Por Igor Carvalho e Pedro Stropasolas

Atualizado em 13 de dezembro de 2019 às 8:35
“Policial se sentirá amparado para matar”, comenta ex-militar sobre excludente de ilicitude defendido por Bolsonaro e Sergio Moro / Pedro Stropasolas

Publicado originalmente no site Brasil de Fato

POR IGOR CARVALHO E PEDRO STROPASOLAS

O Brasil de Fato convidou Adilson Paes de Souza, tenente-coronel da reserva da Polícia Militar, para assistir a alguns vídeos que mostram abordagens e operações policiais ocorridas em 2019 em diversas regiões do país. As reações do ex-PM, que trabalhou seis anos nas ruas, escancaram a violência indevida dos agentes contra a população nas periferias do país.

Atualmente, Paes de Souza é doutorando no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), onde estuda violência policial. Ele demonstra preocupação com a proposta de ampliação do excludente de ilicitude defendida pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da Justiça Sergio Moro.

“O excludente de ilicitude é uma forma estilizada de dar licença para matar. Do jeito que ela está posta, pode estimular o comportamento letal do policial, porque ele se sentirá amparado para matar”, afirma Paes de Souza.

Em outro momento, o ex-policial militar se impressiona com as imagens de um atirador da polícia fluminense que, seguindo ordens do governador Wilson Witzel (PSC), dispara contra transeuntes em uma comunidade na região de Angra dos Reis.

“Esse vídeo é a síntese da necropolítica do Rio de Janeiro que outros estados da Federação procuram adotar. O que assistimos são execuções sumárias extrajudiciais. Não há no ordenamento jurídico brasileiro o mínimo amparo para essa operação”, encerra o pesquisador.

Confira o vídeo na íntegra: