Gilberto Kassab parece estar gostando de ter dois pássaros que não vão decolar nas mãos – o desistente Rodrigo Pacheco e dissidente Eduardo Leite -, o que o habilita a pegar carona no avião de Lula mais à frente. O movimento do cacique do PSD de tirar o governador gaúcho do PSDB, porém, é uma espécie de tiro fatal no ninho tucano e, por que não?, na própria terceira via.
É até possível que o chamado establishment, onde se destacam o mercado e a mídia, tente dar à candidatura Leite, se existir, o mesmo tratamento VIP dado a Sergio Moro quando se filiou ao Podemos. Mas ficou claro, ali, que isso não adianta nada se o sujeito não tem os votos.
Esse parece ser o caso do governador gaúcho, que nas pesquisas do ano passado obtinha pontuação muito semelhante às de seu adversário João Doria. Além disso, Leite sai de seu partido sob críticas a seu comportamento tanto do lado de Doria – que o chama de traidor por ter concordado com as prévias – quanto dos dissidentes que planejavam, com ele, trabalhar para mudar a correlação de forças na convenção nacional do partido em julho.
A ideia dos tucanos de cabeça branca era, caso o governador de SP continuasse empacado nas pesquisas, mudar de candidato e substituí-lo por Leite aos 45 minutos do segundo tempo. Agora, o destino do PSDB parece ser a pulverização total. Além de um candidato oficial, o partido terá um dissidente se candidatando por outra legenda e um de seus líderes históricos como vice de um ex-adversário.
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O PSDB já começa a sofrer os efeitos dessa erosão na janela partidária do mês que vem. Entre 12 e 15 de seus 35 deputados estariam arrumando as malas para outros destinos eleitoralmente mais promissores.
A candidatura Leite também ameaça os demais candidatos da chamada terceira via, um espaço já superlotado que ganha mais um ocupante. Se o governador gaúcho crescer um pouquinho que seja nas pesquisas, estará provavelmente tirando votos desse campo – e não de Lula ou de Jair Bolsonaro. Moro, Ciro, Doria e até Simone Tebet que se cuidem, pois vão dividir ainda mais o pouco que ainda têm.
Por Helena Chagas
Publicado nos Jornalistas pela Democracia
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