Por Tiago Barbosa
A hipocrisia é a matéria-prima dessa degradação civilizatória batizada de bolsonarismo.
Não falha nunca.
O ministro “terrivelmente evangélico” indicado por Bolsonaro ao STF, André Mendonça, votou contra o uso de câmeras por policiais durante as operações.
Ora, a medida é um antídoto aos abusos e à violência cometida pela política e reduziu a quase zero os casos de letalidade. Tradução: com a câmera, o policial respeita a lei e não mata. Sem ela, tira vidas e inventa a balela da legítima defesa.
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Não matar é bom, correto? É bíblico poupar a vida dos outros. Deus proibiu. Está lá, expresso no 5º mandamento: “Não matar”.
Mas por que um ministro “terrivelmente evangélico”, ungido ao cargo sob cânticos religiosos performáticos da primeira-dama, vota contra a câmera e a favor da morte?
Simples: hipocrisia. Cinismo.
Não há igreja, valores cristãos, defesa da vida. Esse é truque para engabelar fiel inocente e gado de ocasião. O voto pelo vale-tudo da polícia atende ao chefe, bem amigo dos milicianos – aquela turma com licença para impor medo e matar.
Aquela turma por trás do assassinato de Marielle Franco, em meio a quem Queiroz (o amicíssimo de Bolsonaro) se sente à vontade. Queiroz, por sinal, é o depositário de 89 mil reais na conta de Michelle, a mulher do “Messias”, aquela da dancinha religiosa.
Como pode, né? Contra a vida, a favor da violência e da morte e tudo sob as bênçãos de Deus.
A explicação? Hipocrisia – e isso mata, porque eles se lixam para o 5º mandamento.