Presos pela Polícia Federal após tentativa de explosão de um caminhão-tanque em Brasília, em dezembro do ano passado, George Washington de Oliveira Sousa e Alan Diego dos Santos Rodrigues foram recebidos por parlamentares bolsonaristas em seus gabinetes pouco antes do atentado terrorista frustrado. Os encontros ocorreram entre 23 de novembro e 7 de dezembro de 2022.
Os dados foram obtidos com exclusividade pelo site O Antagonista, via Lei de Acesso à Informação, junto à Câmara dos Deputados.
Além dos dois terroristas, o influenciador Bismark Fugazza, um dos donos do canal bolsonarista Hipócritas, também circulava por gabinetes de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no mesmo período. Ele está foragido após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, expedir um mandado de prisão por manifestações de apoio aos atos antidemocráticos.
Segundo os dados enviados pela Câmara, George Washington esteve no gabinete 334, do deputado Joaquim Passarinho (PL-PA), localizado no anexo IV, no dia 23 de novembro, às 12h04.
Alan Diego fez duas visitas à Câmara dos Deputados. A primeira, no dia 6 de dezembro, às 14h34, quando foi recebido pelo deputado federal Igor Timo, líder do Podemos.
No dia seguinte, Alan retornou à Câmara, e sua entrada foi registrada às 10h38. Ele informou na portaria que iria ao Auditório Nereu Ramos. Contudo, não há registro de nenhuma atividade no auditório nesta data.
Fugazza é o que mais frequentou gabinetes de deputados bolsonaristas no período. No dia 30 de novembro de 2022, o influenciador visitou os gabinetes do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e do deputado General Girão (PL-RN), às 10h28 e 19h16, respectivamente. No dia 6 de dezembro, ele foi recebido pela deputada Carla Zambelli (PL-SP), às 15h24.
“Ele não foi no meu gabinete, ele entrou na Câmara usando o meu gabinete. Ele encontrou comigo fora. Se não me engano, nesse dia, teve uma apresentação da Frente Parlamentar Evangélica e eles [referindo-se a Bismark e Paulo Souza, do canal Hipócritas] ficaram por lá. Depois que entra já não está mais sob a minha responsabilidade“, declarou Zambelli ao Antagonista.
No dia 7 de dezembro, Fugazza retornou à Câmara e se dirigiu ao Auditório Nereu Ramos, às 8h30. No mesmo dia e horário próximo, Alan estava no local.
Um dia depois, Fugazza leu uma carta na Câmara incitando golpe de estado. No texto, Bolsonaro tinha até aquela data para se manifestar “na direção de restabelecer a harmonia e independência entre os poderes punindo aqueles que deliberada e recorrentemente vem violando a nossa constituição a olhos vistos”.