Tese do novo ministro da Educação não aparece no banco de dados da USP

Atualizado em 13 de julho de 2020 às 21:00
Milton Ribeiro, novo ministro da Educação — Foto: Divulgação/Igreja Presbiteriana Jardim de Oração

Publicado originalmente na Rede Brasil Atual:

Por Cida de Oliveira

Problemas com currículos e teses parecem marcar o histórico dos ministros da Educação escolhidos pelo presidente Jair Bolsonaro. Depois dos questionamentos em torno do mestrado e doutorado do antecessor, Carlos Decotelli, que nem sequer tomou posse, surgem dúvidas em torno da formação acadêmica do novo ministro, o pastor presbiteriano e militar da reserva Milton Ribeiro. De acordo com o seu currículo Lattes, sua tese de doutorado – Calvinismo no Brasil e organização: o poder estruturador da educação – foi defendida na Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo). No entanto, o trabalho não está relacionado no banco de teses da instituição.

Por meio de sua conta no Twitter, o professor e pesquisador André Azevedo da Fonseca, do Centro de Educação, Comunicação e Artes (CECA) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), questionou a ausência.

https://twitter.com/azevedofonseca/status/1281693746174754816?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1281693746174754816%7Ctwgr%5E&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.redebrasilatual.com.br%2Feducacao%2F2020%2F07%2Ftese-do-novo-ministro-da-educacao-nao-aparece-no-banco-de-dados-da-usp%2F

Outro que quis saber mais sobre as ideias do ministro, conhecer seu trabalho e ler a tese foi Professor Leonardo, educador que mantém um canal no Youtube com 36,3 mil inscritos. Mas também não obteve êxito.

RBA também não conseguiu acesso à tese. Ao digitar o nome de Milton Ribeiro entre os autores na página de buscas, obteve como resposta apenas um nome, que não é o do ministro.

Biblioteca de teses e dissertações da USP. Foto: Reprodução/RBA

A reportagem tentou, também sem sucesso, um link para a obra por meio do catálogo de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação. O órgão é presidido por outro pastor presbiteriano, Benedito Guimarães Aguiar Neto. Assim como Ribeiro, Aguiar Neto também já foi reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo. Segundo a informação, o trabalho é anterior à implementação da plataforma que hospeda o banco o dados.

Outra iniciativa foi acessar o Google Scholar, página do buscador especializada em trabalhos acadêmicos. Há apenas uma menção, porém sem link para a tese. A pesquisa de doutoramento em Educação do novo ministro do governo Bolsonaro segue desconhecida.