O vereador Thammy Miranda (PL-SP) afirmou que foi enganado pelo bolsonarista Rubinho Nunes (União Brasil) para assinar pedido de abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) contra o padre Júlio Lancellotti. Ele afirma que o nome do religioso não aparecia no requerimento que propôs a criação do colegiado e afirmou que o parlamentar do MBL “está fazendo campanha politica em cima” do tema.
“Em nenhum momento foi citado o nome do padre no requerimento. Se tivesse, jamais teria assinado porque defendo o trabalho dele. O padre está lá para ajudar as pessoas, nós estamos do mesmo lado. O que está acontecendo é uma grande fake news, o vereador está fazendo campanha política em cima”, afirmou ao jornal O Globo.
“Acredito que 90% dos vereadores que assinaram não são contra o padre, assinaram com a intenção de proteger os usuários e as pessoas que moram no entorno. Nossa intenção é de proteger e inclusive com a ajudar do padre”, prossegue. Após tomar conhecimento de que a CPI terá o religioso como alvo, Thammy prometeu fazer um requerimento para retirar seu apoio ao pedido de criação do colegiado.
Apesar de fazer parte da base do prefeito Ricardo Nunes (MDB) na Câmara Municipal de São Paulo, Thammy diz que não e conservador e elogia o trabalho do padre, dizendo que esperava contar com a ajuda dele para promover uma recuperação humanitária na região central de São Paulo. “Gosto de ajudar e cuidar das pessoas. Acredito que viemos ao mundo para servir”, completou.
O pedido para criação da CPI está em uma fila com outros 45 requerimentos para instalação de comissões na Casa Legislativa. Para furar a fila, o requerimento do vereador bolsonarista precisaria de um acordo entre todos os vereadores da casa, além de passar por duas votações em plenário e obter ao menos 28 votos.
Parlamentares de oposição negam fazer parte de um acordo para fazer com que o requerimento de Rubinho avance na Casa. Vereadores do PT, PSOL e PSB já prometeram que vão tentar obstruir e barrar a criação da CPI.
Em entrevista ao DCM TV, o ex-deputado estadual e ex-vereador de São Paulo Adriano Diogo afirmou que a criação dessa CPI contra o padre é uma “fake news da Folha”. Segundo ele, o vereador já havia mentido durante reunião de uma Frente Parlamentar que convocaria o padre para depor na Câmara paulista.
“Esse senhor falou em uma Frente Parlamentar: ‘Eu vou convocar o Padre Júlio Lancellotti para depor aqui sobre as organizações sociais da Igreja Católica’. Bom, fui investigar e vi que era uma mentira”, relata. O ex-parlamentar afirma que vereadores não tem prerrogativa sequer para convidar ou convocar colegas da própria casa para um colegiado.
Mesmo assim, segundo Adriano Diogo, a Folha de S.Paulo, por meio da coluna Painel, noticiou a mentirosa convocação do religioso. Ele chama o atual editor da coluna do jornal, Fábio Zanini, de “porta-voz da extrema-direita no Brasil”.
“A coluna hoje está sendo coordenada por um cara que organiza toda a fake news da direita no Brasil. Inventa que o padre Júlio estava sendo convocado. Como era pífia, ridícula, a notícia, ele esperou que a Câmara entrasse em recesso e anunciou: ‘O vereador Rubinho conseguiu aprovar uma CPI’ e vai investigar o padre Júlio e as organizações sociais da Igreja Católica”, relata.
Ele aponta que a criação da CPI é uma mentira porque precisaria passar por uma série de votações e demandaria um acordo entre os vereadores para ser instalada.
“É mentira, mesmo que tivesse aprovado, teria que votar em plenário por acordo de quem ou por quem, quem são os membros? Mesmo que tivesse sido aprovada a CPI, ela teria que ir na fila, para a cronologia, porque podem ter 20 ou 30 pedidos de CPI na frente”, completou.