Tiago Leifert culpou a torcedora Gabriela pela própria morte e conseguiu ser mais canalha ao pedir desculpas. Por Luan Araújo

Atualizado em 10 de julho de 2023 às 20:41
Tiago Leifert insinuou que torcedora do Palmeiras morreu por ser da torcida organizada. Foto: Reprodução

A morte da torcedora palmeirense Gabriela Anelli (23), que não resistiu aos ferimentos no pescoço sofridos em confusão antes do jogo de seu time contra o Flamengo, no último sábado é triste, chocante e apresenta reflexões de muitos lados sobre como vivemos, tanto como amantes de futebol, tanto como sociedade. Precisamos agir de maneira mais responsável, claro. Mas parece que essa não era a intenção do bobo da corte travestido de jornalista Tiago Leifert.

Em live do infame canal “3 na Área”, em que ele e outros abobalhados costumam reproduzir o discurso que imbecilizou o jornalismo esportivo, Tiago insinuou que a jovem morreu por ser membro de torcida organizada e por estar em um lugar onde “poderia ter confusão”.

Tudo isso, repetindo o confiabilíssimo relato da Polícia Militar de São Paulo, que deu um show de horrores nos arredores do estádio do Palmeiras no último sábado.

“Dizem, também, isso eu não consegui apurar, que ela tinha um relacionamento com um diretor de alguma organizada, como vai resolver isso tudo? Fechando a organizada”, afirmou o sujeito, espalhando uma fofoca.

Após ser desmentido, Leifert postou um vídeo de desculpas, mas ainda assim, apontando apontou que Gabriela pertencia a uma torcida organizada e por isso, na verdade, mereceu morrer.

A postura de Leifert, culpabilizando a vítima por sua morte, não surpreende. Ainda mais quando olhamos em perspectiva e entendemos que o filho de um diretor da Globo é o maior responsável pelo jornalismo esportivo ter virado um espaço de pouca discussão crítica e muita imbecilização.

Para pessoas como Leifert, o futebol, e a sociedade em si, devem ser espaços acríticos, pasteurizados e elitizados. Ao colocar na conta da morte de Gabriela o fato dela ser torcedora organizada e até mesmo um suposto relacionamento afetivo dela como fator para isso, ele faz o que a imprensa burguesa e o estado fazem sempre após a morte de vulneráveis: matam essas pessoas mais um pouco. E o pior, sem direito de defesa.

No próprio vídeo de “desculpas”, Leifert mostra não ter nenhum arrependimento real: ao ver que a coisa ultrapassou o limite até para uma sociedade que aceita o higienismo, ele estava ali agindo para limpar sua imagem apenas. O que ele sente por vulneráveis e mais pobres está bem claro no primeiro vídeo.

A morte de Gabriela não foi consequência apenas da garrafa atirada por algum suposto torcedor do Flamengo. É fruto de uma sociedade doente, violenta e de um estado pouco afeito a tentar resolver o real problema e até a tratar a coisa com inteligência. E o jornalismo esportivo, imbecilizado há um bom tempo por pessoas como Tiago Leifert, entra nesta conta.

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