Todas as ligações de Pablo Marçal com o PCC

Atualizado em 27 de agosto de 2024 às 13:32
Pablo Marçal, candidato em SP pelo PRTB. Foto: reprodução

O influenciador Pablo Marçal (PRTB), que encabeça as pesquisas eleitorais na disputa pela Prefeitura de São Paulo, ao lado de Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), está cercado por figuras suspeitas de terem ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior facção criminosa do Brasil.

No início de agosto, a Folha de S.Paulo trouxe à tona um áudio no qual Leonardo Alves de Araújo, conhecido como Leonardo Avalanche, presidente do partido de Marçal, admitia ter vínculos com membros do PCC. No áudio, o dirigente do PRTB afirma ser o responsável pela soltura de André do Rap, apontado como chefe do tráfico internacional de drogas dentro do PCC.

“Eu sou o cara que soltou o André [do Rap]. A turma não sei se vai te contar isso. Esse é o meu trabalho, entendeu? A próxima, agora, a gente vai botar um lugar acima dele. Esse é o meu dia a dia […] Eu faço um trabalho bem discreto”, disse Avalanche.

Além disso, o presidente do partido afirmou que seu motorista é aliado de Francisco Antonio Cesário da Silva, o Piauí, ex-líder da facção criminosa na favela de Paraisópolis, zona sul de São Paulo. Essa conexão se tornou ainda mais evidente quando o portal Metrópoles reportou que Marçal esteve com Valquito Soares da Silva, irmão de Piauí, e uma foto dos dois juntos foi publicada nas redes sociais.

O círculo de aliados de Avalanche está sob investigação da polícia. Tarcísio Escobar de Almeida e Júlio César Pereira, conhecido como Gordão, ambos antigos aliados do presidente do PRTB, são suspeitos de trocar carros de luxo por cocaína para o PCC, conforme revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Pablo e Escobar. Foto: reprodução

Escobar chegou a ser presidente estadual do PRTB em São Paulo por três dias, no início da gestão de Avalanche, e Gordão, que era sócio de Escobar, também esteve envolvido com a legenda. No entanto, nenhum dos dois foi visto em eventos recentes da campanha de Marçal.

Edílson Ricardo da Silva, um ex-policial militar condenado por fornecer informações a criminosos e que mantinha contato com o PCC, também pertence ao grupo de Escobar e Gordão. O Metrópoles divulgou que Avalanche embarcou em um voo particular com Escobar e Edílson.

Outra figura ligada ao PRTB municipal é Maiquel Santos de Assis, que esteve no palco ao lado do coach durante a convenção do partido neste ano. Maiquel, que tem passagens pelo sistema penitenciário e já foi condenado por extorsão mediante sequestro, aparece como vice-presidente do diretório municipal da legenda em documentos prestados à Justiça Eleitoral. Ele possui fotos com Marçal e é seguido nas redes sociais pela vice na chapa do empresário, a policial Antônia de Jesus.

O candidato bolsonarista também é amigo do influenciador Renato Cariani, réu em um processo por envolvimento em um esquema de desvio de produtos químicos para a fabricação de cocaína e crack. A Polícia Federal suspeita que esses produtos abasteciam a rede do PCC.

Juntos, Marçal e Cariani ministram palestras e, nas redes sociais, protagonizaram uma série de vídeos que acompanham um processo de recondicionamento físico do coach.

Pablo Marçal e Renato Cariani. Foto: reprodução

Na última quinta-feira (22), a deputada Tabata Amaral (PSB), também candidata à Prefeitura de São Paulo, divulgou um vídeo nas redes sociais em que destaca as ligações de aliados dele com o tráfico de drogas e o PCC, intensificando a pressão sobre o candidato.

Além disso, o histórico criminal de Marçal também levanta preocupações para eleitores paulistanos. Em 2010, ele foi condenado pela Justiça Federal de Goiás a quatro anos e cinco meses de prisão em regime semiaberto por furto qualificado. Mas a pena nunca foi aplicada, pois o caso prescreveu após inúmeros recursos apresentados por sua defesa.

Na época, Marçal, que trabalhava com manutenção de computadores, foi vinculado a uma quadrilha de fraude bancária, sendo acusado de captar emails para enviar spams que permitiam ao grupo obter dados das contas bancárias das vítimas.

Mesmo diante dessas revelações, Marçal continua na disputa pela prefeitura, aparecendo com 21% das intenções de voto na última pesquisa Datafolha, empatado tecnicamente com Guilherme Boulos (23%) e Ricardo Nunes (19%).