Trabalho escravo: MPT dá 10 dias para vinícolas explicarem relação com terceirizada no RS

Atualizado em 2 de março de 2023 às 12:03
Ginásio em Bento Gonçalves, no RS, serviu como abrigo provisório aos trabalhadores após resgates
Foto: Reprodução/MPT

O Ministério Público do Trabalho (MPT) do Rio Grande do Sul determinou, nesta quarta-feira (1º), que as vinícolas gaúchas Aurora, Garibaldi e Salton, apresentem documentos, num prazo de até 10 dias, que mostrem a relação com a empresa Fênix Serviços de Apoio Administrativo, que estava mantendo trabalhadores em condição análoga à escravidão em Bento Gonçalves.

Segundo o órgão, as empresas devem fornecer documentos como contratos de prestação de serviços, notas fiscais, atos constitutivos para que a responsabilidade de cada uma das produtoras no incidente seja explicada. As vinícolas também devem esclarecer como funcionava a fiscalização dos contratos com a empresa terceirizada.

A entidade, após analisar os documentos, apresentará uma proposta de termo de ajuste de conduta (TAC) com as companhias. O acordo trará obrigações a serem cumpridas e deve estabelecer o pagamento de uma indenização de danos morais coletivos. Segundo o MPT, as três empresas já mostraram a intenção de negociar um compromisso de fiscalização na cadeia de produção.

Mais de 200 trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão, em Bento Gonçalves, no RS
Foto: Reprodução

Em outro TAC, os procuradores propõem uma indenização de R$ 600 mil aos 207 trabalhadores contratados pela Fênix Serviço. Eles também exigiram a apresentação completa dos comprovantes de pagamento das verbas rescisórias, em torno de R$ 1 milhão, aos resgatados.

Ainda nesta quarta-feira, entre os resgatados, 54 trabalhadores baianos expostos ao trabalho escravo foram recebidos na sede da Defensoria Pública da Bahia (BA), em Salvador. As vítimas relataram uma rotina de maus-tratos, inclusive, relatos sobre ordens par a “matar os baianos”. 

Nesta segunda-feira (27), o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, o advogado Silvio Almeida, convocou uma reunião extraordinária da Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae) e disse que um processo administrativo está sendo instaurado contra as vinícolas.

Os crimes e denúncias continuam sendo investigados pela Corregedoria da Brigada Militar, a PM do Rio Grande do Sul (RS), e a Polícia Federal (PF).

Veja registros do caso:

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clique neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link