David Biassio Matias, anteriormente preso por tráfico de drogas em 2017, foi flagrado pela Polícia Civil retirando produtos usados na fabricação de lança-perfume na empresa de Renato Cariani. Em um depoimento de 2019, Matias mencionou especificamente a Anidrol.
Os detalhes emergiram de um inquérito iniciado pela Polícia Civil de São Bernardo do Campo em 2016, investigando uma quadrilha que operava com cocaína, crack e lança-perfume no ABC Paulista, conforme revelado pelo Fantástico, da TV Globo. “A Anidrol, o laboratório [entregava os químicos]. A empresa tinha um tempo de embalar, de preparar”, afirmou David.
A investigação buscou a origem dos produtos químicos para lança-perfume usados pela quadrilha. Agentes rastrearam um traficante que adquiria a substância, levando-os à porta da Anidrol. Segundo o inquérito, o produto não estava sujeito a controle de compra.
O inquérito ainda relata múltiplas apreensões do produto da empresa de Cariani por delegacias em São Paulo. Autoridades registraram mais de 12 incidentes envolvendo apreensões do produto químico da Anidrol em locais associados ao armazenamento e estoque de drogas.
Documentos também revelaram uma ligação telefônica na qual um dos investigados contatou a Anidrol em busca de informações sobre investigações policiais.
A investigação também revelou que Matias distribuía o material químico para diversos traficantes locais, incluindo sua companheira, Marielen, apreendida em posse de 36 litros do produto próximo à Anidrol no início de 2017.
Os traficantes, segundo a polícia, conseguiam adquirir a base para lança-perfume com facilidade, indicando familiaridade com a empresa e solicitando quantidades, reforçando sua clientela regular.
Após a prisão de Matias, a polícia comparou as notas fiscais de Marielen e do traficante, evidenciando o uso de empresas diferentes para registrar transações, expondo a conduta questionável da Anidrol.
O relatório apontou o conhecimento do casal sobre a ilegalidade das operações, incluindo o uso dos filhos para transportar drogas e evitar a polícia. Cariani se comprometeu a colaborar com as investigações, mas, segundo a polícia, após 40 dias, não apresentou documentos à delegacia.
Embora a polícia tenha sugerido uma investigação sobre a Anidrol, não há novas informações no processo, e a Justiça não se pronunciou sobre o pedido policial. A quadrilha foi condenada por tráfico e associação para o tráfico.
Vale destacar que a PF indiciou Cariani por tráfico equiparado, associação para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Apesar do pedido de prisão pelo Ministério Público negado pela Justiça na última segunda-feira (18), ele permanece em liberdade.