Traficantes evangélicos: facção exige pastores e práticas religiosas para comandar “Complexo de Israel”

Atualizado em 26 de julho de 2024 às 8:53
Criminosos utilizam simbologia judaico-cristã para transformar crimes em atos de uma “guerra santa” – Foto: Reprodução

O Complexo de Israel, composto por cinco comunidades, é comandado por uma “facção evangélica” chamada Tropa do Arão, que usa a religião como base de suas atividades. O local foi batizado de Complexo de Israel em referência à “terra prometida” na Bíblia, um símbolo escolhido para representar a “salvação” para o grupo.

O nome foi dado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Arão, o líder do grupo criminoso que se autodenomina Tropa do Arão. Também chamado de “Peixão”, ele mantém uma aura de mistério, sendo descrito como pastor, mas sem clareza sobre a sua denominação religiosa.

Considerado foragido da Justiça, Arão transmite orações via rádio e compartilha visões e revelações. A pesquisadora Viviane Costa, autora do livro “Traficantes Evangélicos”, afirmou em entrevista à Ponte que essas práticas são comuns na organização. A Tropa do Arão começou na comunidade Parada de Lucas e gradualmente tomou controle de Vigário Geral, Cidade Alta, Pica-Pau e Cinco Bocas, formando o Complexo de Israel.

Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Arão – Foto: Reprodução

Referências bíblicas

Uma das características da Tropa do Arão é a exigência de conversão e práticas religiosas específicas para seus membros. O grupo adota referências bíblicas e símbolos religiosos, como a estrela de Davi e versículos da Bíblia. Na Cidade Alta, há um grande neon com símbolos religiosos, e a bandeira de Israel é usada para marcar território.

Sob o comando da Tropa do Arão, templos de religiões de matriz africana e igrejas católicas têm sido alvos de ataques. Esse fenômeno é chamado por alguns pesquisadores de “narcopentecostalismo”. Os membros da facção se declaram evangélicos e deixam que suas escolhas religiosas influenciem as atividades criminosas, desempenhando um papel estratégico na disputa por territórios no Rio de Janeiro.

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