Publicado originalmente por Jeferson Miola em seu blog
Apenas uma hora depois de tomar conhecimento da tragédia da boate Kiss, em 27 de janeiro de 2013, a presidente Dilma imediatamente deixou a cúpula presidencial CELAC-União Europeia em Santiago do Chile e voou diretamente a Santa Maria/RS.
“É uma tragédia para todos nós. Não vou continuar na reunião, por razões muito claras. Diante do que ocorreu, quem precisa de mim hoje é o povo brasileiro, e é lá onde eu tenho de estar”, disse Dilma, que desde a capital chilena decretou luto oficial de três dias em respeito às vítimas do incêndio.
Horas depois, antes das 11 horas da manhã daquele mesmo doloroso domingo, Dilma já estava na cidade universitária de Santa Maria se fundindo na dor e no drama de todo país com a morte trágica de 242 jovens.
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A imagem da Dilma comovida e condoída, chorando ao consolar familiares e amigos dos jovens mortos, ficou tatuada para sempre na retina dos nossos olhos. Um exemplo de solidariedade, alteridade, humanidade
Na retrospectiva do ano, ao final de 2013, Dilma relembrou que “do ponto de vista pessoal, aquele foi o momento mais dramático que eu vivi. Ali você enfrentava a dor humana sem nenhum bloqueio. É muito difícil”.
A tragédia humana e ambiental ocorrida em Petrópolis [15/2], no Rio de Janeiro, mostra o abismo intransponível que separa a humanidade da Dilma da barbárie do Bolsonaro.
No twitter [15/2], Bolsonaro publicou um comunicado protocolar, sem nenhum sentimento de comoção e solidariedade humana:
“– De Moscou tomei conhecimento sobre a tragédia que se abateu em Petrópolis/RJ.
– Fiz várias ligações para os Ministros @rogériosmarinho e Paulo Guedes para auxílio imediato às vítimas, bem como conversei com o @DefesaGovBR, General Braga Neto, que me acompanha na Rússia”.
A tragédia ocorreu na terça-feira, mas apesar disso Bolsonaro informou que “– Retorno [só] na próxima sexta-feira e, mesmo distante, continuamos empenhados em ajudar ao próximo. Deus conforte aos familiares das vítimas”.
Até mesmo Putin fez uma manifestação mais humana e sensível. “Sei que ontem no Brasil ocorreu um incidente muito triste após fortes chuvas. Gostaria de manifestar minhas condolências ao povo brasileiro”, disse o presidente russo durante cerimônia no Kremlin.
Inabalável e frio diante da situação catastrófica em Petrópolis, Bolsonaro não antecipou em nenhum minuto o retorno ao Brasil. O Aberração do Planalto manteve o roteiro de viagem com o exclusivo objetivo de abraçar seu “irmão” fascista Viktor Orbán na Hungria. Ele só desembarcou em Petrópolis três dias depois da tragédia, na sexta-feira, 18/2!
Nem mesmo luto oficial o governo decretou. Certamente as vítimas mortas, familiares, amigos e milhares de pessoas atingidas não merecem a mesma reverência conferida a Olavo de Carvalho – personagem infame que tanto mal fez ao Brasil.
O contraste abismal entre a humanidade da Dilma e a barbárie de Bolsonaro não deixa de ser revelador, ao mesmo tempo, do caráter da lúmpen-burguesia dominante. Diante da opção civilizatória representada por Haddad/PT em 2018, a oligarquia fascistizada não hesitou em fazer a “escolha muito difícil” pela barbárie.
Esta escolha é entendível. Afinal, este personagem infame e abjeto tanto se origina como também representa uma perspectiva – extremista, é verdade – da classe dominante.
Bolsonaro é uma Aberração do ponto de vista de um ideal humanista e civilizatório. Mas é essencial lembrar que ele é uma Aberração criada, fermentada e alçada ao poder por quem concretiza, por intermédio dele e do governo militar, o brutal processo de saqueio, pilhagem e devastação do Brasil que está sendo executado.
Bolsonaro representa aquela porção íntima e profunda que dormita nas profundezas da subjetividade e da visão de mundo das oligarquias dominantes.
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— DCM ONLINE (@DCM_online) February 18, 2022