Traidor barato: em setembro, Temer convidou Chalita para o Ministério da Educação. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 2 de dezembro de 2016 às 17:27
Feitos um para o outro
Feitos um para o outro

 

Em setembro do ano passado, Marta Suplicy jantou com Gabriel Chalita.

Na época, Chalita, secretário de Educação Fernando Haddad, presidia o PMDB paulistano e poderia ser candidato do partido à prefeitura de São Paulo em 2016.

A alturas tantas, Marta lhe dirigiu uma espécie de intimação.

— Chalita, você vai me apoiar para prefeita da cidade.

Chalita quis saber o porquê.

— Porque você será o ministro da Educação de Michel Temer.

O convite, frisou ela, era do próprio. Para que o projeto prosseguisse, ele deveria, obviamente, romper com Haddad. Chalita preferiu não trair.

Em março, anunciou sua saída do PMDB para entrar no PDT, legenda na qual começou a carreira quando foi eleito aos 19 anos vereador de Cachoeira Paulista, interior de SP. Será vice na chapa de Haddad neste ano.

A candidata Marta teve de buscar refúgio na Fiesp quando foi chamada de “filha da puta”, “ladra” e “petralha” por coxinhas ensandecidos na manifestação na Paulista do dia 13 de março.

Em seu último artigo na Folha, a oportunista menciona que “estará em jogo neste final de semana uma oportunidade de construir um pacto nacional”.

Michel Temer está conspirando há meses, embora tentando emplacar o contrário. Tanto ele como Marta contam com a estupidez ou o cinismo de quem os escuta. Eles fingem que falam a verdade, o idiota finge que acredita.

Em seu áudio autovazado, Temer falava que deveria ter “muita cautela” porque se recolheu para não “aparentar” que estaria trabalhando para ocupar o lugar da presidente.

Em sua famosa carta à titular, que cuidou de passar para Jorge Bastos Moreno, do Globo, em dezembro, escreveu: “Desde logo lhe digo que não é preciso alardear publicamente a necessidade da minha lealdade. Tenho-a revelado ao longo destes cinco anos.”

Se um canalha trai agora, por que pararia de trair?

Agora: por que nada foi feito?

Foi Maquiavel quem observou que “os homens são tão simples, e tão obedientes às necessidades do momento, que quem engana encontra sempre quem se deixa enganar”.