POR FERNANDO F., no Manchete Digital.
O escritor e pensador dinamarquês Soren Kierkegaard (1813 – 1855) viveu 42 anos, mas soube como poucos decifrar a alma humana, aliás, desumana. Ele fazia anotações em diários, o que rendeu uma obra de referência sobre a condição humana e as razões da vida. Como todo brasileiro que não desiste nunca, o jovem dinamarquês sofria na pele com a ignorância e os ódios incontidos daqueles a quem Jesus disse para amarmos uns aos outros.
Numa passagem do livro “O Diário de Soren”, editado por Peter Rohde, Kierkegaard realiza uma proeza que deveria ser comemorada como um gol de placa em final de campeonato de futebol no Maracanâ: explicar porque a democracia no Brasil se transformou em Fla x Flu.
Aos 34 anos anos de vida, ainda no século 19, Kierkegaard acerta na mosca, quando observa uma patologia generalizada de nossa humanidade falível, explicando a mesma psicologia básica que se esconde por trás de fenômenos contemporâneos, como o bullying, a presunção e a demagogia só para ficar nos assaltos gerais de críticos comentaristas da mídia e da web, bastante conhecidos como criadores de “adversários”.
Diz o autor do Diário:
“Há uma forma de inveja de que eu frequentemente tenho visto exemplos, em que um indivíduo tenta obter algo por assédio moral. Se, por exemplo, eu entro em um lugar onde muitos estão, muitas vezes acontece que um ou outro imediatamente pega em armas contra mim, começando a rir; presumivelmente, ele sente que está sendo uma ferramenta de opinião pública. Mas eis que, se eu então fizer uma observação casual dele, essa mesma pessoa se torna infinitamente maleável e subserviente. Essencialmente isso mostra que ele me considera como algo grande, talvez até maior do que eu, mas se ele não pode ser admitido como um participante na minha grandeza, pelo menos ele vai rir de mim. Mas assim que ele se torna um participante, como se fosse, ele se gaba de minha grandeza.”
O autor conclui com uma receita de comportamento para sobreviver na selva:
“Ao mostrar a eles que não se importem comigo, ou tomando o cuidado para que saibam que eu sei que eles não estão nem aí para mim, isso reforça uma relação de dependência…Ou seja, eles me demonstram respeito precisamente quando demonstram que não me respeitam”.
Essa psicologia reversa usada por Kiergaard já era conhecida na época como Efeito Benjamin Franklin e ainda hoje é utilizada em terapias cognitivas de comportamento. Significa mais ou menos o seguinte: transforme seus inimigos em aliados, fazendo com que eles experimentem coisas que só poderiam fazer se fossem seus amigos.
Uai, não é isso que os governos lulopetistas tentam fazer há 12 anos!?