A redução da vegetação nativa do Rio Grande do Sul é um dos agravantes das inundações que atingem o estado nas últimas semanas. Segundo dados da organização MapBiomas, que reúne ONGs e empresas de tecnologia, a região perdeu cerca de 3,5 milhões de hectares de vegetação nativa entre 1985 e 2022. A informação é da BBC News Brasil.
Essa área representa cerca de 22% de toda a cobertura vegetal original presente no estado em 1985. Ao mesmo tempo em que a área de vegetação nativa diminuiu, houve um aumento de lavouras de soja, silvicultura e da área urbanizada do estado.
Essa vegetação nativa é responsável pro reduzir a força da água ao chegar a áreas mais baixas, manter o solo mais permeável, reduzir a quantidade de água que flui para os rios e impedir o processo de erosão do solo, que piora inundações.
Pesquisadores que estudam a ocupação do solo no estado têm apontado há décadas que essa perda tem impacto nas inundações. Eduardo Vélez, do MapBiomas, aponta que a região da bacia hidrográfica do Guaíba, uma das mais afetadas na catástrofe atual, perdeu 1,3 milhão de hectares de vegetação nativa.
Ao mesmo tempo, essas áreas foram ocupadas por lavouras de soja, que saltaram de 1,3 milhão de hectares em 1985 para 6,3 milhões de hectares em 2022. Além de avançar sobre a vegetação nativa, elas também ocuparam partes dedicadas a outras atividades, como pastagens.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária, aponta que o Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor de soja do Brasil, atrás somente de Paraná e Mato Grosso.
Outra atividade que mudou a configuração do solo do estado foi a silvicultura, plantação de florestas novas ou manejo de florestas nativas para exploração comercial. No Rio Grande do Sul, a principal alteração do tipo é a plantação de eucalipto, pinus e outras espécies usadas para produção de madeira, lenha e celulose.
Dados do MapBiomas mostram que a área destinada à silvicultura saltou de 79 mil hectares para 1,19 milhão de hectares.
As áreas urbanizadas, por sua vez, tiveram um crescimento de 145% no período, saltando de 97 mil hectares para 238.607 hectares em 2022.