O pedido de censura de uma reportagem do UOL pelo senador Flávio Bolsonaro (PL) está sendo visto como um tiro no pé por assessores de Jair Bolsonaro (PL), pai do parlamentar, que temem o reflexo da medida na campanha do presidente à reeleição, segundo a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
De acordo com a coluna, um dos assessores disse que o filho do presidente mereceria um “troféu de burrice” por obter uma decisão judicial que contraria o discurso de Bolsonaro de liberdade de expressão total. Ele afirmou ainda que o “desastre” se agrava pelo fato de a censura ocorrer a oito dias do primeiro turno das eleições.
Nesta sexta-feira (23), o desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, Demetrius Gomes Cavalcanti, mandou o UOL retirar imediatamente as matérias sobre os 51 imóveis da família Bolsonaro comprados com dinheiro vivo.
O UOL cumpriu a decisão, mas vai recorrer.
Para os assessores, o escândalo dos imóveis pode ganhar agora uma repercussão ainda maior, dificultando a tarefa da campanha bolsonarista de reavivar casos de corrupção contra Lula e evitar que o petista consiga os votos de eleitores de Ciro Gomes (PDT) nos próximos dias.
Portanto, Flávio e o setor jurídico que o auxiliou na empreitada estariam ajudando a criar um fato político, e não apenas jurídico, desfavorável para Bolsonaro.
A advogada do UOL, Mônica Filgueiras Galvão, diz que a decisão “viola precedentes estabelecidos no sistema jurídico brasileiro e pretende retirar do debate público, às vésperas da eleição, informações relevantes sobre o patrimônio de agentes públicos”.