Uma pesquisa recente alarmou o campo democrata nos Estados Unidos ao revelar que 63% dos homens brancos sem ensino superior planejam votar em Donald Trump nas eleições que ocorrerão em dez dias. A estratégia de Trump é direta: ele se apresenta como o defensor da masculinidade de um grupo que se sente ameaçado por diversas crises sociais. Com informações do colunista Jamil Chade, do UOL.
Segundo analistas e dados de instituições americanas, o sucesso do republicano pode ser atribuído, em parte, à sua capacidade de canalizar a frustração dos homens brancos americanos em apoio nas urnas.
O movimento que Trump lidera busca mobilizar uma população que se encontra em uma encruzilhada, especialmente com as mudanças no debate sobre gênero, a independência financeira das mulheres e as iniciativas antirracistas. Além disso, esse grupo enfrenta o que é conhecido como “ansiedade financeira” em um contexto econômico que não consegue reduzir as desigualdades sociais.
Richard Reeves, presidente do American Institute for Boys and Men, aponta que esses homens, que viram seu status social se desmoronar, sentem que suas vozes estão sendo mais valorizadas pelos republicanos. Essa situação é tanto uma questão de percepção quanto uma real sensação de perda de poder.
Na era pós-MeToo, o debate sobre masculinidade nos EUA também ganhou uma conotação política. O instituto observa que esses homens brancos se sentem “desabrigados”. A campanha republicana sabe como usar essa crise a seu favor, colocando Trump como um reflexo das aspirações desse segmento. Após um período de humilhação, ele agora busca retornar ao poder sem pedir desculpas.
A hipermasculinidade é uma característica marcante dos comícios de Trump, que frequentemente começam com músicas pesadas e a presença de um ex-lutador que rasga sua camisa no palco, criando um espaço que faz esse público se sentir acolhido.
Kamala Harris, por sua vez, compreende que esses votos podem ser decisivos, especialmente nos estados onde a eleição ainda está indefinida e as decisões serão tomadas nos últimos dias. Para isso, ela escolheu um vice que enfatiza sua experiência militar e como treinador de futebol americano.
Além disso, Harris tem participado de entrevistas com apresentadores que representam grupos de homens brancos. O grupo “White Dudes for Harris” (Caras brancos por Harris) também decidiu investir US$ 10 milhões em campanhas publicitárias contra Trump. Essa iniciativa, no entanto, foi alvo de críticas por parte do republicano.
Em um evento religioso recente, Trump ironizou a existência do grupo: “Há um grupo chamado ‘White Dudes for Harris’, mas não estou nem um pouco preocupado com eles, porque suas esposas e os amantes de suas esposas estão todos votando em mim”, afirmou.