O ministro do TSE Benedito Gonçalves, corregedor-geral da Justiça Eleitoral, deferiu na noite de sábado (15) o pedido de abertura de investigação sobre a conduta da Jovem Pan na cobertura eleitoral.
Vai-se apurar o uso indevido de meios de comunicação e tratamento privilegiado à candidatura de Jair Bolsonaro (PL).
Gonçalves deu cinco dias para que Bolsonaro e seu vice, Braga Netto (PL), além de Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, dono do grupo, apresentem defesa.
“É possível constatar da leitura dos trechos e do acesso aos vídeos que, em um efeito cíclico, os comentaristas da Jovem Pan não apenas persistem na divulgação de afirmações falsas sobre fatos (coisa que difere da legítima opinião que possam ter sobre a realidade), como somente se mostram capazes de ‘explicar’ as decisões a partir de novas e fantasiosas especulações, trazidas sem qualquer prova, de que haveria uma atuação judicial favorável um dos candidatos”, escreveu na decisão.
“Na programação, o teor dos julgamentos —que poderia informado, debatido e inclusive criticado— cede espaço para especulações, sem nenhum fundamento em evidência fática, sobre conchavos políticos e sobre imaginária manipulação de pesquisas e mesmo dos resultados das eleições. É também explorado, de forma recorrente e calcada apenas na percepção subjetiva dos diversos comentaristas, o sentimento de medo, procurando-se incutir nos ouvintes que riscos como um ‘golpe de esquerda’, fechamento de igrejas e domínio do crime organizado rondam o cenário eleitoral”.
A coligação de Lula pediu que o TSE determinasse que a Pan concedesse “tratamento isonômico aos candidatos ao cargo de Presidente da República, de modo a cessar o tratamento privilegiado ao candidato Jair Bolsonaro”.
Gonçalves negou os pedidos liminares.
Segundo a campanha de Lula, a Jovem Pan “passou a ser uma das principais fontes de fake news nas eleições de 2022″. Os fatos relatados ocorreram em diversos programas, como Boletim Coppolla, Jornal da Manhã, Morning Show e Os Pingos Nos Is.
Um dos comentários transcritos no documento é de uma comentarista supostamente cubana, Zoe Martínez, a afirmar que “é inadmissível uma pessoa que tem caráter apoiar e fazer campanha para o Lula hoje”. Em outro recorte, Paulo Figueiredo, neto do ditador João Figueiredo, diz que um grande homem avisou que pra se livrar do PT seria o custo de muito sangue do povo brasileiro, e não há dúvida da concretização dessas profecias e dessas previsões”.