Tudo indica que as decisões da Anvisa são sérias, mas o aparelhamento é preocupante. Por Maringoni

Atualizado em 28 de abril de 2021 às 9:37
O presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, participa de sabatina no Senado Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado/10-07-2019

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Por Gilberto Maringoni

Não tenho a menor condição de opinar sobre a decisão da Anvisa ao não liberar a Sputnik V e de exigir mais informações sobre a Butanvac. Segundo cientistas de indiscutível competência, como Miguel Nicolélis e Gonzalo Vecina, a agência agiu corretamente.

Mesmo assim, paira uma desconfiança em vários setores da sociedade, que se expressa, por exemplo, na contrariedade de Ricardo Lewandowski. As dúvidas advêm da possível subjetividade política que teria entrado na conta do parecer, sabendo-se que o governo Donald Trump já havia pressionado Bolsonaro para que não adquirisse o imunizante russo.

A isso se soma o aparelhamento militar que o genocida promoveu em vários organismos de Estado, e a Anvisa não é exceção. Cerca de 6 mil parasitas fardados dobram seus soldos preenchendo os respectivos ócios na operação de desmonte e desmoralização da máquina pública.

Sempre vale lembrar que, em 2007, a imprensa fez um verdadeiro escândalo quando Marcio Pochmann assumiu a presidência do Ipea. A grita contra o “aparelhamento” de órgãos oficiais foi unânime entre as corporações de mídia.

Um cínico como Elio Gaspari chegou ao ponto de chamar Pochmann de “comissário”, em alusão a membros do Partido Comunista da União Soviética – agremiação cujo nome gente como Gaspari deveria lavar a boca antes de pronunciar.

O resultado está aí. Os técnicos da Anvisa são sérios, até prova em contrário. Mas a falta de escrúpulos da malta castrense a mando do genocida coloca em dúvida até mesmo repartições de prestígio.

Repito: não tenho condições de opinar sobre uma decisão que deve ter sido pautada pelo rigor científico. Mas lamento o descrédito a que instituições de excelência estão sendo levadas por essa gentalha.