Maior líder popular da Bolívia, Evo Morales retorna amanhã ao país que foi obrigado a deixar exatamente um ano atrás, depois de protestos violentos e de um movimento golpista que envolveu até militares, com a “recomendação” de que ele renunciasse.
O ex-presidente planeja entrar ao país com uma caravana pela fronteira com a Argentina. A ideia é fazer parecido com as caravanas de Lula no Brasil.
“Será uma volta triunfal, como as caravanas do Lula”, informou, em primeira mão ao DCM, o sociólogo Emir Sader, que participou ontem da live do DCM.
Emir foi informado da caravana pelo ex-vice de Evo Morales, Álvaro García Linera, com quem ele tem tido conversas frequentes.
Da fronteira, Evo Morales fará uma viagem de 1.100 quilômetros até Cochabamba, onde ele se destacou como o líder dos plantadores de coca.
O risco é que sua volta ofusque a estréia de Luis Arce como presidente da Bolívia.
Arce é herdeiro político de Evo Morales, de quem foi ministro da Economia.
Mas, pelo que dizem analistas políticos na Bolívia, Arce tentará dar uma cara própria a seu governo, sem nomear políticos que foram ministros de Morales.
O compromisso dele com o movimento de esquerda no continente, no entanto, é inequívoco.
Jeanine Áñez, que ocupa a presidência do país desde o golpe, convidou Juan Guaidó para representar a Venezuela na transmissão de cargo.
Arce, por sua vez, chamou Nicolás Maduro e uma de suas primeiras medidas deve ser revogação da decisão Áñez que reconheceu Guaidó como presidente da Venezuela.
A posse de Arce reforça o isolamento do Brasil no continente.
Bolsonaro não comparecerá nem será representado por ministro.
O embaixador Octávio Henrique Dias Garcia Côrtes será a mais alta autoridade brasileira presente.
Brasil e Bolívia têm acordo para o fornecimento de gás, que já dura cerca de trinta anos. Arce já disse que pretende renegociar os valores do contrato.