Desde o dia 27 de janeiro, quando Jair Bolsonaro deu entrada para a realização de uma cirurgia para a retirada da bolsa de colostomia, o hospital Israelita Albert Einstein, localizado na zona sul de São Paulo, se tornou um verdadeiro QG bolsonarista.
Praticamente a nova casa dos Bolsonaros, o local já tem até um gabinete para o presidente (des)governar o país. Carlos Bolsonaro já se sente tão à vontade que resolveu levar até arma de fogo para uma visita ao pai.
O DCM foi até o local, na quinta-feira (31), para cobrir a movimentação que a internação do presidente levou ao hospital.
Logo de cara, nota-se a base da PM instalada na entrada do local. O policiamento, no entanto, é relativamente pequeno. Apenas uma base e uma viatura.
A imprensa é mantida em uma sala fora do hospital. O único acesso a Bolsonaro é por meio do porta-voz da presidência, general Rego Barros, que costuma realizar pronunciamentos uma vez ao dia. Geralmente no final da tarde.
Apesar da expectativa de flagrar algum figurão a caminho de visitar o presidente, a principal movimentação na porta do hospital é da imprensa.
Por recomendação médica, as visitas a Bolsonaro foram limitadas, assim como as conversas. Isto porque há a possibilidade de que gases entrem em sua cavidade abdominal, o que poderia provocar dores e dificuldade na cicatrização.
De acordo com o porta-voz do governo, as reuniões com ministros serão feitas por videoconferência.
Enquanto os jornalistas aguardavam alguma novidade sobre Jair Bolsonaro, o agora ex-deputado federal Heráclito Fortes (DEM) foi flagrado saindo do hospital. Sua passagem pelo Einstein não estava relacionada a Bolsonaro. Fortes foi submetido a uma cirurgia de catarata.
O ex-deputado, que foi um dos principais articuladores do golpe de 2016 e é envolvido em diversos escândalos de corrupção, falou brevemente com a imprensa sobre o procedimento ao qual foi submetido e logo foi embora.
Apesar da movimentação do lado de fora do hospital, a presença de Jair Bolsonaro não afetou a rotina dos pacientes.
“[A presença de Bolsonaro] não mudou nada, eles [os funcionários do hospital] continuam tratando a gente muito bem. Sempre muito atenciosos”, diz dona Severina, que está acompanhando o neto que passou por uma cirurgia para tratamento de refluxo.
“Não vi diferença, a única mudança é aqui fora mesmo”, afirma outro paciente, que foi ao hospital tratar uma lesão no pulso.
As enfermeiras particulares Graça e Alessandra também contam que a rotina do hospital está praticamente a mesma. Elas afirmam que o que chama atenção é a quantidade de seguranças da presidência no interior do edifício.
“Se eu conseguir tirar uma foto do presidente, mando para você”, brinca Alessandra.
Na verdade, o acesso a Bolsonaro é quase impossível. Segundo elas, os visitantes do presidente são identificados logo na entrada e escoltados pelos seguranças direto para o elevador que dá acesso ao andar onde o capitão se encontra.
“Acho que o andar inteiro está reservado para ele. Se até o Lula reservou um andar inteiro do [hospital] Sírio [Libanês] para a esposa, quando ela ficou internada, Bolsonaro também deve ter um só para ele”, comenta Graça.
O DCM deixou o hospital horas depois e a conclusão, após passar o dia no local, é: se você tem dinheiro para pagar o Albert Einstein, nem a internação de um presidente prejudica seu conforto.