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Por Moisés Mendes
Bolsonaro não é apenas um acumulador de fracassos eventuais. É um fracassado. O fracasso dessa terça foi a invertida que recebeu da AstraZeneca, depois de estimular empresários a comprarem do laboratório as vacinas contra a Covid-19.
Tem gente que considera Bolsonaro um cara com alguma inteligência política. O sujeito sempre foi, como deputado medíocre, um ogro com raciocínio básico. Mas agora é um ogro presidente.
O que ele fez na história das vacinas para os ricos um aprendiz não faria. Os laboratórios não têm como atender pedidos desesperados de governos. Como vão vender para empresários que pretendem furar a fila?
Bolsonaro é tão simplório que poderia ter montado um plano. Como pretendia transferir para a iniciativa privada a responsabilidade pela vacinação, não era preciso se desgastar com o andamento acidentado da ideia.
Que fizesse até o fim o que mandou que Fabio Wajngarten, seu secretário de comunicação, executasse como mandalete.
O secretário foi o emissário do Planalto para que os empresários tentassem a compra da vacina. Bolsonaro mandou Wajngarten dizer ao grupo que a compra estava liberada.
Só faltou combinar com os russos, no caso o laboratório AstraZeneca, que mandou dizer que não.
O mundo todo tentando comprar vacina, e um secretário do governo, dos mais próximos de Bolsonaro, tentando participar de um conluio imoral.
É imoral que empresários tentem ter acesso a vacinas que não chegarão a todos os brasileiros. Pode, por milagre, chegar um dia, mas ninguém sabe quando.
O erro primário de Bolsonaro foi o de sair dizendo publicamente que os empresários poderiam assumir uma obrigação que é do governo.
Bolsonaro tentou dividir de novo o Brasil, desta vez entre os vacinados protegidos pelos empresários e o povo sem-vacina. Não deu certo, e hoje ele dará outra explicação.
Bolsonaro tem recalques profundos que o mobilizam para a morte. Ele sabe que é um fracassado, eleito por um país adoecido, mas um fracassado.
Bolsonaro só não fracassa no seu projeto de sabotar as medidas de combate ao coronavírus e todos os esforços pela vacinação.
Como genocida, Bolsonaro é um sucesso. Na pandemia, é o maior genocida em todo o mundo hoje.