Um sinal animador de vida no humor brasileiro

Atualizado em 5 de março de 2013 às 12:35

O grupo cômico Porta dos Fundos capta o espírito do tempo e explode na internet.

Palmas para o Porta dos Fundos
Palmas para o Porta dos Fundos

 

Onde foi parar o humor brasileiro? De qualidade, quero dizer. Iconoclasta, provocador, capaz de fazer pensar?

Da televisão desapareceu desde TV Pirata. O humor brasileiro televisivo oscila hoje entre a breguice irrelevante de Zorra Total e a sem-gracice estúpida e alienada de coisas como CQC e Pânico. A imagem sinistra do humor brasileiro hoje é Tas careca e de óculos escuros, como um Tonton Macoute do Haiti dos Duvaliers.

Mas – assim como acontece com o jornalismo mofado tradicional —  algo de novo parece estar acontecendo na internet.

Um exemplo disso está no grupo Porta dos Fundos, que surgiu no YouTube. O Diário postou um vídeo do PF há dois dias, e ele acabou correndo posteriormente a internet. O nome é “Entrevista”.

É uma paródia ao jornalismo de hoje. Um repórter entrevista um autor, e vai manipulando as respostas impiedosa e comicamente.

Você ri e você chora porque é muito engraçado e também porque ali está a realidade jornalística brasileira, na essência.

Onde vai dar?

Se o grupo for comprado por uma grande emissora, adeus. Fazer humor político no Brasil de hoje, em que o chamado 1% seja ironizado, não é possível. Na Globo, um quadro como “Entrevista”, não seria exibido – o repórter ali parece pertencer ao Jornal Nacional.

A internet vai remunerar de alguma forma o grupo? Espero que sim. Audiência eles têm. Os quadros costumam ter mais de 1 milhão de exibições.

Se você pegar todos os vídeos dos canais da Veja e da Folha no YouTube e somá-los, das prédicas de Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo às reportagens eletrônicas do matutino da Barão de Limeira, não vai chegar a uma fração da audiência de um só quadro do Porta dos Fundos.

Não é piada.

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