B era um aluno classificado como apático e preguiçoso.
A escola dividia os alunos de acordo com o desempenho. Os “grandes” eram os melhores. Para eles havia uma biblioteca especial. B sonhava um dia escrever poesia que figurasse naquela biblioteca à qual jamais tivera acesso.
Começou a escrever com ardor.
Foi apelidado pelos colegas, cruelmente, como “Poeta”.
Tinha tanto carinho pela sua obra que a guardava numa caixa com cadeado. Os colegas ficaram tão curiosos que um dia quiseram forçar B a mostrar seus papéis. Ele recusou e um tumulto se iniciou. Um professor — um padre — correu a pacificar os ânimos. Obrigou o menino a abrir a caixa. Ele não teve alternativa. O padre leu algumas linhas. “Então é por causa dessa coisa sem sentido que você vem negligenciando seus deveres?”
Mas B confiava mais no seu próprio julgamento no que no do diretor, e não fraquejou.
Letra boa ele tinha. Os professores o obrigavam a escrever frases centenas de vezes quando o pilhavam desatento, o que era comum. As palmas das mãos eram calejadas. A palmatória descia sobre elas com frequência.
O menino ficou seis anos nesta escola, sob cotidiano assédio dos colegas e dos professores.
Parte das lembranças da escola de Vendome, este o lugar, ele registraria posteriormente num personagem ao qual deu o nome de Luís. Luís Lambert.
B se tornaria conhecido, depois, como Balzac.