Uma pessoa negra é morta a cada 12 minutos no Brasil, diz Atlas da Violência

Atualizado em 18 de junho de 2024 às 20:54
Foram assassinadas 445.442 pessoas negras nesse período entre 2012 e 2022. Foto: Reprodução

Uma pessoa negra foi vítima de homicídio a cada 12 minutos entre janeiro de 2012 e dezembro de 2022. Segundo dados do Atlas da Violência 2024, divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública nesta terça-feira (18), foram assassinadas 445.442 pessoas negras nesse período.

O número é mais de três vezes o número registrado entre a população não negra. O levantamento considera negros a soma de pretos e pardos.

O estudo mostra que, apesar de uma redução na taxa de homicídios de negros a partir de 2017, em 2022 essa população ainda correspondia a 76,5% de todos os homicídios no país. A taxa passou de 43,1 homicídios a cada 100 mil habitantes para 29,7.

Em contrapartida, a taxa de homicídios de pessoas brancas, indígenas e amarelas, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), caiu de 16,1 homicídios a cada 100 mil habitantes em 2017 para 10,8 em 2022.

Isso significa que o risco de uma pessoa negra ser vítima de homicídio no Brasil é, em média, 2,8 vezes maior em relação aos não negros. Essa probabilidade varia consideravelmente de acordo com a região.

Alagoas destaca-se como estado com o maior risco relativo de homicídio para negros. No estado alagoano, é 23,7 vezes mais provável que uma pessoa negra seja vítima de violência letal em comparação com pessoas de outros tons de pele. Outros oito estados também apresentam risco de morte violenta para negros acima da média nacional.

Além da cor da pele, a idade é outro fator preponderante nas vítimas de homicídio no Brasil, com quase metade (49,2%) dos casos em 2022 ocorrendo entre pessoas de 15 a 29 anos. Em média, 62 mortes violentas de pessoas nessa faixa etária ocorrem diariamente no país.

Quase metade dos casos em 2022 ocorrendo entre pessoas de 15 a 29 anos. Foto: Reprodução

Embora tenha ocorrido uma redução na quantidade de homicídios, especialmente entre 2017 e 2019, a pesquisa indica que essa queda não foi uniforme. “Embora as taxas de homicídios de jovens negros e jovens brancos tenham apresentado redução entre 2017 e 2021, o decréscimo foi mais intenso entre jovens brancos do que entre jovens negros, o que ampliou a desigualdade em temos de vulnerabilidade à violência letal”, diz o documento, com base em outro estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A pesquisa também ressalta que “a escolaridade é um aspecto protetivo relevante contra a violência letal, com efeitos distintos para jovens negros e jovens brancos, ponto que demonstra a incidência do racismo sobre o grupo de pessoas negras mediante um amplo conjunto de fatores”.

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