Na abertura do ano do Judiciário no STF, na quinta, dia 1º, a PGR Raquel Dodge fez um discurso inflamado defendendo a prisão após condenação em segunda instância.
“O Ministério Público tem agido e pretende continuar a agir com o propósito de buscar resolutividade (sic), para que a Justiça seja bem distribuída. Para que haja o cumprimento da sentença criminal após o duplo grau de jurisdição, que evita impunidade“, disse ela.
“Para defender a dignidade humana, de modo a erradicar a escravidão moderna, a discriminação que causa infelicidade. E para assegurar acesso à educação, à saúde e a serviços públicos de qualidade”.
É um referência evidente a Lula.
“Os olhos do país e o coração de todo o povo observam e sentem o que pensam e decidem os órgãos do sistema de justiça, com a atenção que nos impulsiona, no Ministério Público, a agir firmemente em nome do interesse público, a encontrar caminhos que façam chegar justiça aos mais necessitados e a endireitar os atos tortuosos dos que desviam dinheiro público“, emendou.
Ao seu lado estavam Michel Temer, Rodrigo Maia e o presidente do Senado, Eunício Oliveira, figuras impolutas, como se sabe.
A catilinária de Raquel ocorre uma semana depois que ela pediu ao Supremo o arquivamento de uma investigação sobre José Serra baseada na delação dos executivos da J&F, grupo controlador do frigorífico JBS.
O inquérito foi aberto a partir de um depoimento no qual Joesley Batista contou que, em 2010, o “Careca” da Odebrecht pediu-lhe uma doação de R$ 20 milhões para sua campanha à Presidência da República.
Segundo ele, cerca de R$ 6,4 milhões teriam sido caixa 2.
Na ocasião, a PGR alegou que que o crime já estaria prescrito e Serra não deveria ser punido em razão da demora para investigar e denunciar.
Como Serra tem mais de 70 anos de idade (75, embora não pareça), a prescrição ocorreu 6 anos após a campanha, em 2016.
Raquel tem futuro.