Publicado na DW.
O Google Glass é uma espécie de smartphone usado como um par de óculos ou como acessório às lentes de grau. Ambos são possíveis. Sobre os olhos, fica um pequeno prisma transparente, e é ali que acontece a mágica. Quando o Glass está ativado, o usuário detecta uma pequena imagem em seu ângulo de visão superior.
Conectada a isso, há uma haste que atua como touchpad e transmissor de som. No Glass, o áudio não sai por uma caixa de som, mas sim com a ajuda do “Audio Bone Condution Transducer”. Ou seja, as ondas sonoras são conduzidas pelos ossos. Através do crânio, um pequeno vibrador envia as ondas para o ouvido interno.
O Glass pode ser controlado remotamente por um smartphone. Basta instalar o app MyGlass para fazer a conexão entre o celular e o novo gadget. Há ainda compatíveis com o Glass, dos tipos mais variados: desde notícias e previsão do tempo até jogos.
A primeira coisa que impressiona é tirar fotos com o Glass. Para isso, é preciso dizer claramente: “ok, Glass”. O equipamento percebe, então, que foi acionado e faz um barulhinho. Em seguida, o comando “take a picture” abre o aplicativo da câmera. Uma espécie de mira aparece no prisma. Uma piscadela, e pronto: o Glass tira uma foto.
É possível se acostumar muito rápido com o uso dos óculos-robô no dia a dia. Mesmo que o uso em público seja um tanto desagradável, com o tempo, o gadget deve se mostrar cada vez mais útil. E realmente, só se aprende a mexer nos óculos ao usá-los.
Numa semana de testes, a repórter Hannah Fuchs acumulou tanto boas experiências quanto frustrações. A seguir, as conclusões.
Vantagens do Google Glass
– Mãos livres: Quantas vezes por dia uma pessoa mexe no bolso para dar uma olhada no celular? Com o Glass, seja para tirar fotos, se orientar num mapa ou fazer ligações, os óculos estão sobre o nariz, e para usá-los, basta um comando de voz.
– Multifuncionalidade: O Glass pode ajudar muito em tarefas no carro ou na bicicleta. A pessoa não precisa olhar para um display para ver um mapa, por exemplo, já que a imagem aparece imediatamente diante dos olhos.
– Entretenimento: O fator diversão realmente existe. Seja para equilibrar peças virtualmente, jogar tênis, ou usar os óculos como guia de turismo, a experiência com o Glass é diferente da com um smartphone ou um console. E é divertida.
Desvantagens do Google Glass
– Idiomas: Ditar textos em inglês funciona surpreendentemente bem. Já no caso do alemão, é diferente: o Glass transforma as palavras faladas em frases sem nexo.
– Qualidade do som: Ao telefonar num lugar aberto, é difícil entender a pessoa do outro lado da linha. Ou quase impossível. O barulho do trânsito, de quem passa e do que está ao redor diminui a qualidade da conversa para os dois interlocutores.
– Design: Definitivamente não é chique, pelo menos não para quem gosta de andar na moda. Mas observando o desenvolvimento dos óculos na internet, é possível ver que há outros modelos em processo de criação (e mais chiques!).
– Bateria: A diversão dura pouco tempo. Ou a bateria fica muito quente e precisa de uma pausa ou, depois de uma hora de uso intenso do gadget, precisa ser recarregada.
– Privacidade: Esta é uma das primeiras discussões provocadas pelo uso do Glass. Afinal, é normal se perguntar se um usuário do dispositivo pode identificar outro diretamente através do reconhecimento do rosto ou até que ponto o equipamento pode registrar toda a rotina de uma pessoa. A Google insiste em dizer que tais aplicações são proibidas, mas não significa que seja algo impossível de ser desenvolvido.
O Google Glass é um gadget divertido, mas (ainda) não mais que isso. Com os óculos, é possível ter uma boa noção do que se pode fazer com a tecnologia atual, mas o uso no dia a dia ainda tem suas limitações. Contudo, o Glass tem potencial. Talvez seja preciso lhe dar mais alguns anos para que ele continue a se desenvolver.