O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou neste domingo (03/11) que toda a população palestina no norte da Faixa de Gaza está sob “risco iminente” de morrer de doenças, fome ou devido aos constantes bombardeios israelenses.
A diretora-executiva do Unicef, Catherine Russell, disse que somente nas últimas 48 horas, mais de 50 crianças foram mortas em Jabalia, o maior dos oito campos de refugiados em Gaza, onde ataques aéreos israelenses destruíram dois prédios residenciais que abrigavam centenas de pessoas.
Israel restringiu significativamente o acesso de ajuda humanitária a Gaza em outubro, permitindo a entrada de aproximadamente um terço da assistência que conseguiu ser transportada para o enclave palestino no mês anterior.
Russell criticou as ações de Israel contra a população e as estruturas civis, assim como aos trabalhadores humanitários e seus veículos, que, segundo disse, “devem sempre ser protegidos de acordo com o direito internacional humanitário”.
Campos de refugiados sob bombardeios
“Ordens de deslocamento ou evacuação [dadas pro Israel] não permitem que nenhuma parte do conflito considere todos os indivíduos ou objetos em uma área como alvos militares; tampouco os isentam de suas obrigações de distinguir entre objetivos militares e civis, agir de modo proporcional e tomar todas as precauções viáveis nos ataques.”
“Esses princípios, porém, estão sendo desrespeitados repetidamente, deixando dezenas de milhares de crianças mortas, feridas e privadas de serviços essenciais necessários para a sobrevivência”, prosseguiu, pedindo o fim dos ataques a civis, trabalhadores humanitários, e ao que resta das instalações e infraestrutura civis em Gaza.
Profissionais de saúde palestinos relataram neste domingo que ao menos 31 pessoas morreram em ataques aéreos israelenses em Jabalia e Beit Lahiya, também no norte de Gaza.
Os médicos afirmam que ao menos 13 palestinos morreram em ataques a áreas residenciais nos dois campos de refugiados e os demais foram mortos em bombardeios israelenses na Cidade de Gaza e em áreas do sul, incluindo Khan Younis, onde morreram oito pessoas, incluindo quatro crianças.
O Exército israelense deu inicio a uma nova ofensiva no norte de Gaza em 6 de outubro, sob a justificativa de tentar impedir que os combatentes do Hamas se reagrupassem. Pessoas na região relataram que as forças israelenses cercaram hospitais e abrigos para palestinos desabrigados e atacaram áreas residenciais.
Os residentes do norte de Gaza, sob extensas ordens de evacuação, afirmam que se sentem aprisionados, uma vez que não há lugar seguro para onde possam fugir devido aos ataques israelenses na região.
Ataque atinge posto de vacinação infantil
Autoridades palestinas disseram neste domingo que o ataque de um drone israelense atingiu uma clínica no norte de Gaza, onde crianças estavam sendo vacinadas contra poliomielite. Seis pessoas ficaram feridas, incluindo quatro crianças.
Segundo os relatos, o ataque atingiu a clínica Sheikh Radwan na Cidade de Gaza no início da tarde de sábado, apenas alguns minutos após uma delegação da ONU deixar o local.
“Os relatos sobre este ataque são ainda mais perturbadores, porque a Clínica Sheikh Radwan é um dos postos de saúde onde os pais podem vacinar seus filhos”, disse Rosalia Bollen, porta-voz do Unicef.
“O ataque de hoje ocorreu enquanto a pausa humanitária ainda estava em vigor, apesar das garantias de que a pausa seria respeitada”, criticou.
A ofensiva israelense em Gaza teve início em 7 de outubro do ano passado, em reação aos ataques terroristas do grupo islamista Hamas em Israel, que mataram em torno de 1.200 pessoas.
Os ataques e bombardeios de Israel em Gaza deixaram mais de 43 mil mortos no enclave, segundo dados do Ministério da Saúde local, administrado pelo Hamas.
Originalmente publicado no Deutsche Welle
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