O governador Gladson Cameli esteve reunido, em Cruzeiro do Sul (AC), neste domingo (29), com parte de sua equipe, quando falou com a franqueza habitual sobre o impacto da pandemia de coronavírus no Acre.
Gladson disse que sua decisão prioritária é salvar vidas, não escondeu sua divergência em relação ao presidente Jair Bolsonaro sobre essa questão e apelou para que sua equipe esqueça a política.
–– O que é que se vê? Uma politização. As pessoas querendo que (o povo) vá pra rua, inclusive o nosso presidente. Na sexta-feira, eu peguei o telefone e pedi uma audiência com ele. Eu ia sair de Rio Branco, chegar e dizer: ‘Então, presidente, eu vou seguir a sua orientação. Se é para abrir, então vamos abrir, mas está aqui: eu não tenho condições de arcar com as consequências’. Aí eu liguei para o ministro da Saúde. Ele disse: “não faça isso”. Eu ia, pois estou seguindo uma lógica. E eu quero compartilhar com vocês: se fizeram uma opção pela parte econômica, eu fiz opção por salvar vidas. Se eu estou certo ou estou errado, o tempo vai dizer. O que eu não quero é a consciência de que eu não fiz o meu papel, o meu dever.
O governador disse que tem sido alimentado com informações do sistema de inteligência do Ministério da Saúde sobre a pandemia.
Ele revelou que conversou com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que o orientou a chamar os donos das funerárias para dizer que se preparem.
–– Se o ministro me disse isso, eu vou fazer o quê? Eu vou dizer que o negócio é simples? Eu vou ser irresponsável? Não vou. Ele não é doido.
A reunião foi fechada, mas alguém gravou o áudio. Ao obter uma cópia, indaguei ao governador se podia publicá-lo. Ele respondeu:
–– Pode, sim.
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