Não cheguei a conhecer pessoalmente, mas os amigos da velha-guarda do meu bairro contam que quando morava por ali ainda na adolescência o esporte preferido de Roberto Avallone era o ping-pong.
No centro comunitário local, ele comandava a mesa, era a fera do pedaço e já falava pelos cotovelos.
Sempre foi estudioso e obstinado, contam os amigos.
Um deles, João Prado, acabou indo parar na editoria de Esportes do Jornal da Tarde no final dos anos 60. Conta com brilho nos olhos dos dias que recebia as laudas da coluna Bola de Papel.
Era um capricho só.
Avallone não tinha apenas faro para a notícia e a leitura certeira do que acontecia nas quatro linhas. Tinha boas histórias e sabia como ninguém botar no papel. Era um craque.
Quando comecei a acompanhar o noticiário sobre o meu Palmeiras ele já não morava mais na Previdência. E a coluna no mesmo JT havia mudado de nome: agora se chamava Jogo Aberto, sempre às segundas.
Naquelas bem traçadas linhas aprendi a amar não só o verde do Palmeiras, mas o futebol bem jogado.
Vi o Santos de Juari, João Paulo, Ailton Lira e cia.
As diabruras de Serginho Chulapa.
Sócrates, Casão e a Democracia cantada em verso e prosa pelo mestre.
Adorei quando, já veterano, ele foi para a TV.
Deu cor e brilho na já então desgastada Mesa Redonda.
Chamou Márcio Papa pro pau, desafiando o desafeto a debater em italiano, em inglês, em francês e até em tupi guarani se fosse o caso.
Estressou, caiu em depressão.
Mas logo ressurgiu com força, até a sua morte nesta segunda, vítima de uma parada cardíaca.
Deixa uma lacuna na crônica esportiva.
Um especialista completo, bom de texto, bom de palavra e bom de briga.
Vai con Dio, grande mestre.