Publicado originalmente no Tijolaço:
Por Fernando Brito
Dez dias atrás, este blog tocou na evidência – nenhuma adivinhação que não fosse obviedade – de que as mortes pelo Covid-19 no Brasil seriam à base de mil por dia.
Chegaremos a isso e um pouco mais, amanhã, quando fechar-se a semana epidemiológica a que numeram como 22, acima da média das 900 mortes diárias da semana anterior.
Mas isso não é o pico.
Porque é enorme a expansão dos casos de contágio, dos quais ao menos 6% se tornarão, amanhã, cadáveres.
Estes eram 16.286 por dia na semana passada e agora, com esta semana a um dia de terminar, subiram a 19.600 e devem passar de 21 mil com os dados de amanhã.
Ninguém fala a verdade com todas as letras: com atual taxa de letalidade de hoje, que é de 6%, segundo os dados oficiais, significa que 1.615 pessoas morrerão só entre os que se descobriram contaminados hoje.
Mas estamos discutindo liberação do comércio, abertura de shoppings e academias de ginástica, numa grotesca vitória da morte, que se pode ver numa curva que, em lugar de se achatar, agudiza-se.
Infecções e mortes, durante este maio de morte, multiplicaram-se por cinco, e chegarão, no dia 31, a 500 mil e 30 mil, respectivamente. Faça a conta, mantendo esta velocidade, e atinja a inacreditável marca de 2,5 milhões de infectados e 150 mil corpos sem vida.
E daí?