Publicado originalmente no perfil de Facebook do autor
POR LUIS FELIPE MIGUEL, professor de ciência política da UnB
Vélez Rodríguez começa a se livrar dos olavetes para ver se consegue se segurar no cargo de ministro. Uma jogada arriscada. Ele não tem prestígio, nem padrinhos, nem competência, nem habilidade política ou gerencial, nem conhecimento da área, nem qualquer outra qualidade que lhe credencie ao cargo. Está lá por obra e graça da indicação do guru de Richmond. Se o general Mourão de fato ganhar mais essa, certamente vai preferir dar o ministério a alguém menos caricato e trapalhão.
As manobras de Vélez são interessantes porque mostram que o oportunismo e o carreirismo falam mais alto do que as tão decantadas convicções ideológicas. Como bom discípulo de Olavo, ele deveria recusar-se a ficar em um governo que, sabe-se agora, está se mostrando perigosamente tolerante ao globalismo. Mas gosta mais do cargo.
Com a possível saída de Vélez, Stavros Xanthopoylos volta a se mexer para pegar o MEC. Conselheiro de Bolsonaro na campanha, representante do ensino privado, ele faz acenos à “agenda moral” – já se declarou favorável à volta das aulas de Educação Moral e Cívica e contra o combate às violências de gênero nas escolas – mas sua prioridade é a destruição das escolas públicas. Parece menos primário do que Vélez, o que não quer dizer muita coisa, mas o torna um adversário talvez mais perigoso.
A ver a reação do outro olavete do primeiro escalão, o chanceler Ernesto Araújo. Mas fica a indagação: por que Olavo decidiu romper com o governo?
Tenho três hipóteses, não necessariamente excludentes entre si. (1) Como charlatão, ele tem um nome a zelar e não quer ser associado a esse governo. (2) O poder lhe subiu à cabeça e ele realmente acha que vai derrubar o general Mourão com suas postagens no Facebook e vídeos no Youtube. (3) Está pressionando para ver se dá um jeito de descolar alguma graninha, agora que se confessou quebrado, mendigando ajuda para comprar seus charutos.