Pouca gente entendeu quando FHC veio a público no início desta semana dar ‘pitaco’ na sucessão do PSDB nacional.
Presidido pelo ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o partido troca a sua Executiva em maio.
João Doria é o maior interessado em fazer o novo presidente e trabalha com o nome de Bruno Araújo, o voto 342 do impeachment de Dilma que fracassou nas urnas em 2018.
A proposta é levar o PSDB para a extrema direita, com a defesa de uma pauta liberal, no melhor estilo ‘liquida tudo’ de Doria, e até a troca de nome, já que o gestor não pode nem ouvir falar do termo “social” contido na letra “S” da sigla.
“Ele (Doria) sempre ajudou o PSDB, a mim, ao (Franco) Montoro, ao (Geraldo) Alckmin. Por mais que ele tenha posições eleitorais que o levaram a dizer certas coisas, próximas de Bolsonaro, de alma ele não é assim. Espero que ele seja fiel a isso”, afirmou FHC.
Agora se sabe os motivos que levaram o ex-presidente de 87 anos a reforçar sua posição contra o movimento encabeçado pelo governador de SP.
Incentivada principalmente pela senadora Mara Gabrilli, e pelos veteranos paulistas, senador José Serra à frente, a ex-deputada e ex-governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (RS), começa a despontar como uma adversária de peso às pretensões de Bruno Araújo.
O movimento, ainda tratado com discrição, conta com apoios importantes, como o próprio FHC, o presidente nacional do partido, Geraldo Alckmin, o senador Tasso Jereissati, o ex-governador paulista Alberto Goldman e, entre outros, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio.
Uma das ideias de João Doria ao forçar a guinada à extrema direita é dar vazão a um plano que ele segue desde que Jair Bolsonaro foi eleito presidente em outubro do ano passado: ocupar espaço entre os eleitores antipetistas já que o gestor não acredita na capacidade de articulação de Bolsonaro – para Doria, o presidente é um chucro que se bobear nem termina o mandato.
O problema é combinar com os russos.
Seu ‘pau mandado’ Bruno Araújo não tem moral nas altas esferas do tucanato e a maioria dos cardeais do partido é contra abandonar os princípios apontados por Franco Montoro.
“Sou de outra geração”, disse FHC, enigmático, no início da semana em entrevista à CBN. “Eu tenho influência, não tenho poder”.