Cresce o mercado paralelo de venda e doação de esperma no Brasil. As ofertas aparecem nas redes sociais, principalmente no Facebook, com preços que chegam a R$ 6 mil.
Uma página especializada na “doação” de sêmen humano para mulheres e casais que querem engravidar de maneira sigilosa, prática e simples, conforme se auto intitula o coordenador da página “Doador de esperma”, faz a intermediação de homens interessados em fornecer o sêmen e as mulheres ou casais que querem engravidar. Essa comunidade tem 1 384 pessoas.
Um homem que se denomina Junior Doad alega ter em mãos listas de doadores de vários estados brasileiros; e que trabalha em clínicas. “Os tentantes que ainda precisarem de doadores, chamar inbox”, diz.
De São José do Rio Preto, um homem que se chama Luis Leandro passa sua descrição física e fornece o endereço de e-mail para contato.
“Sou doador. Sou do interior de São Paulo. Sou casado e tenho duas filhas… e quero ajudar você que qer ser mãe… sou saudável, morneo claro, 1,85….. quem quiser entre em contato no meu e-mail luisleandrorls@hotmail.com que eu entro em contato…. espero ajudar as futuras mamães a realizarem esse sonho”.
Na mesma comunidade, um homem que se chama William diz ser doador de esperma, “mas não vai até o local” onde está a pessoa interessada em adquirir o semem.
“Analiso o quadro da pessoa, não cobro, sou de origem alemã e russa tenho 1,85 de altura e olhos azuis tipo eclético forte. Trabalho na área de fotografia, interessadas chamar no whatssap…”. Ele fornece um número de Brasília, mas diz que vive no Rio Grande do Sul.
O coordenador dessa comunidade cita algumas “regras” e dicas aos interessados. “Primeiro você precisa saber as consequências futuras de uma gravidez através de doador. Se você deseja conhece-lo e manter contato com ele, ou mantê-lo anônimo para seu filho(a) e sua família”. Esse coordenador, cujo nome não aparece – há apenas um e-mail sem identificação – alerta para problemas jurídicos que possam aparecer.
Há possibilidades de consequências jurídicas no futuro, tanto por parte do doador ou da criança e da mãe. Por isso o melhor é evitar contato ou intimidade e preservar o anonimato. Lembrando que a doação informal é diferente da fertilização em clínicas que seguem normas e leis”.
Para tentar evitar possíveis problemas, o coordenador do grupo ressalta ainda que “na fertilização caseira informal, há também os riscos da saúde, por mais que você peça exames ao doador “caseiro”.
As clínicas por sua vez seguem rígidos procedimentos para garantir a eficácia e saúde da futura gravidez. Na doação informal, você precisa ter o mínimo de contato com o doador, mesmo que opte por fazer a fertilização sem contato sexual.
Até para ter a garantia mínima dos aspectos físicos e de saúde do doador. Mas se você tenta engravidar transando com um e outro por aí, isso não parece ser tão importante né? Cada vive a sua maneira. Mas lembre-se, não é apenas seu sonho e sua vida que está em jogo, mas a vida de uma criança”.
A doação informal, como diz o coordenador da comunidade, envolve o pagamento da viagem do doador até o local onde está a receptora. Pagamento de uma espécie de cachê, que varia de R$ 500 até R$ 6 ou 8 mil, e outros custos.
Além de totalmente ilegal, essa prática apresenta muitos riscos para a receptora e à possível criança a ser gerada. Especialistas informam que esse tipo de comércio expõe a mulher no caso de uma gravidez, e o bebê a riscos de contaminação por Aids, hepatites C e B, entre outras doenças.
O comércio de esperma também é refúgio de casais homoafetivos femininos. Uma garota de São José do Rio Preto que se denomina Maariana, diz que procura um doador de classe alta que possa ajuda ela e sua parceira a fazer uma inseminação.
“Procuro alguém de classes auta que pode ajuda eu e minha parceira ‘fazer uma ensiminacao’ (sic) que sai no valor se 8 mil que pode tá nos ajudando realizar o sonho de ser mamãe ‘ pode chama chat por favor”, diz a mensagem.
Essa prática é bastante comum na Europa, e começa a crescer no Brasil. São três as modalidades que os “pais de aluguel” atuam. A principal delas é a AI, na sigla em inglês para inseminação artificial.
Mas há a NI, inseminação natural, que nada mais é do que sexo e a PI, inseminação parcial, quando o esperma é inoculado dentro da vagina da mulher após o fornecedor se masturbar, ocorrendo apena a ejaculação dentro da vagina.
Um dos métodos mais fáceis e muito utilizado de inseminação artificial caseira é a utilização de seringas com esperma para a colocação do sêmen dentro da vagina da mulher. Contudo, médicos especialistas em reprodução humana dizem que a efetividade de se obter uma gravidez com esse método caseiro é muito baixa, de 4% a 5%, além de ser arriscada.
Aleeh Machado, que diz ser do Mato Grosso do Sul, da cidade de Ponta Porã, conta que já doou sêmen por quatro vezes com sucesso de fertilização e está com os exames em dia. Diz ser homossexual e utiliza o método da seringa. Ele fornece o número do WhatsApp para contato (06791575758).
Importante esclarecer que esse fornecimento de sêmen, sem triagem e, principalmente, acompanhamento médico especializado, não é recomendável. Nas clínicas de fertilização oficiais, o doador passa por seleção clínica, exames e só então colhe a amostra de esperma.
Esse sêmen é congelado em nitrogênio líquido, para preservar os espermatozoides. O esperma dos doadores passa por exames periodicamente para que seja evitada a chamada janela imunológica, quando o vírus ainda não aparece nos testes.
No Brasil, a doação de esperma não é remunerada, por determinação de lei. Nas clínicas de fertilidade uma amostra de sêmen tem custo que varia de R$ 3 a R$ 8 mil, devido aos custos envolvidos.
A venda de esperma é uma contravenção penal. O Código Civil veda a disposição do próprio corpo. O esperma é uma parte do corpo. Há critérios elaborados pelo Conselho de Medicina que devem ser seguidos para doação de sêmen, observados em lei.
1 – A doação nunca terá caráter lucrativo ou comercial.
2 – Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa.
3 – A idade limite para a doação de gametas é de 35 anos para a mulher e 50 anos para o homem.
4 – Obrigatoriamente será mantido o sigilo sobre a identidade dos doadores de gametas e embriões, bem como dos receptores. Em situações especiais, as informações sobre
doadores, por motivação médica, podem ser fornecidas exclusivamente para médicos,
resguardando-se a identidade civil do doador.
5 – As clínicas, centros ou serviços que empregam a doação devem manter, de forma
permanente, um registro de dados clínicos de caráter geral, características fenotípicas e
uma amostra de material celular dos doadores, de acordo com a legislação vigente.
6 – Na região de localização da unidade, o registro dos nascimentos evitará que um(a)
doador(a) tenha produzido mais que duas gestações de crianças de sexos diferentes,
numa área de um milhão de habitantes.
7 – A escolha dos doadores é de responsabilidade da unidade. Dentro do possível, deverá garantir que o doador tenha a maior semelhança fenotípica e imunológica e a máxima possibilidade de compatibilidade com a receptora.
8 – Não será permitido ao médico responsável pelas clínicas, unidades ou serviços, nem
aos integrantes da equipe multidisciplinar que nelas prestam serviços, participarem como doadores nos programas de reprodução humana.
Nesse link há uma série de pessoas se oferecendo e comprando: https://www.facebook.com/doador.esperma/
Neste outro há outras mensagens e ofertas: https://plus.google.com/+fatosdesconhecidos/posts/6n5yY1h6CVU