Os vendavais no Brasil têm se tornado mais fortes e frequentes, causando prejuízos bilionários e expondo a necessidade de investimentos em prevenção e estrutura para proteção da população. Só no mês de outubro, por exemplo, ventos intensos causaram destruição em diversos estados. Em São Paulo, o teto de um shopping foi arrancado; em Minas Gerais, árvores caíram; e no Rio Grande do Sul, ventos violentos atingiram 51 municípios.
O histórico desse fenômeno revela um quadro crescente de riscos: desde 2013, ventanias afetaram mais de 10 milhões de pessoas, gerando prejuízos superiores a R$ 12 bilhões.
“Mil e quinhentos municípios no Brasil ainda não têm uma Defesa Civil organizada. Se houver prevenção, a gente praticamente elimina, no mínimo, 70% a 80% dos óbitos. Os danos materiais também se reduziriam muito”, alerta Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional dos Municípios, destacando a importância da organização em prevenção.
No Brasil, vendavais são caracterizados por ventos superiores a 80 km/h, e sua medição é realizada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) desde 2002. Nos primeiros anos de registro, esses fenômenos eram raros, com menos de dez ocorrências anuais.
Vento arranca telhado de galpão em São Francisco de Assis; veja impactos de tempestades no RS https://t.co/LwL1nWwmdz #g1RS
Imagens: Frederico Scherer/Divulgação pic.twitter.com/lIr4sAHjLj
— g1 RS (@g1rs) October 24, 2024
No entanto, a partir de 2007, a frequência aumentou: foram 31 registros em 2012 e 2015, e 36 em 2017. Em 2023, o número subiu para 51, e apenas nos primeiros dez meses de 2024 já foram contabilizados 33 vendavais, muitos com ventos acima de 100 km/h.
A Escala de Beaufort, utilizada mundialmente desde o século XIX, mede a intensidade e o poder de destruição dos ventos. Segundo este parâmetro, vendavais moderados começam a causar danos a partir dos 75 km/h, arrancando árvores inteiras quando superam os 80 km/h. Ventos acima de 100 km/h causam destruição generalizada e, a partir de 118 km/h, são classificados como furacões.
Especialistas associam o aumento desses eventos ao aquecimento global. “É o que a gente já adiantava bastante nesse cenário de aquecimento global e de mudanças climáticas. Mas essas ocorrências de eventos extremos de ventania, a gente tem que se preparar”, explicou, em entrevista à Globo, Ricardo de Camargo, professor de Meteorologia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP.
No Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo, pesquisadores realizam testes no túnel de vento para analisar o impacto dos vendavais em construções e desenvolver medidas que aumentem sua resistência. Os resultados mostram que os telhados são as áreas mais vulneráveis.
Essas medidas simples podem prevenir acidentes, como explicou Gilder Nader, pesquisador do IPT: “Vento muito forte incidindo sobre uma casa vai descer e também subir. Se tem o forro primeiro, ele pode bater no forro, desviar e arrancá-lo, mas é um problema menor. Agora, se está direto nas telhas, quando ele subir, ele vai arrancar telhas. Procure vedar as frestas entre o telhado e a alvenaria. Tente manter tudo fechado, e se tiver frestas na janela, procure também colocar algum elemento de vedação”.
?AGORA: Ciclone Extratropical começa a atingir Porto Alegre-RS.
Chuva entre 50 e 100 mm, ventos intensos (60-100 km/h) e queda de granizo devem ser registrados.
— Hora da Fofoca (@horadafofocatv) October 24, 2024
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