A verdade sobre a morte do cartunista Ota
Respeitem o luto de familiares e amigos próximos.
Muitos conheceram o Ota personagem ou o Ota amiguinho em eventos, bares, termas, espeluncas em geral, lugares que a gente mal pode imaginar quais foram. Mas poucos o conheceram de forma realmente íntima e podem falar com propriedade sobre o Otacílio. Se fossem checar com ele a narrativa que envolve o desfecho da última semana ele pontuaria com um típico: “não é bem assim”.
Além disso, infelizmente alguns repórteres na pressa de dar o furo cometem erros, sensacionalizam manchetes, divulgam informações equivocadas e pouco se importam com o impacto dessas atitudes.
Portanto, lamentavelmente diante de especulações de pessoas que deviam estar preocupadas com as boas lembranças, devidas homenagens e legado, é preciso fazer alguns esclarecimentos para que enfim nosso luto possa ser respeitado:
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A causa do falecimento foi um infarto dormindo. Existe um laudo comprovando isso. Ota se queixava de pernas inchadas, chegou a ir em um médico mas não deu prosseguimento a exames e tratamentos. Quem realmente conheceu ele bem, sabe que só teria uma forma de resolver isso: dopá-lo com um boa noite cinderela e levá-lo a força compulsoriamente. Esse ato heroico também geraria críticas de abutres e desavisados. Muitas pessoas tentaram convencer ele que era preciso buscar tratamento mas não rolou. O médico falou que ele precisava parar de comer gordura e comida de bar, complicado não é mesmo? Não foi por falta de tentativa.
Ota não estava na “pindaíba”. Os problemas financeiros fizeram parte do final de sua vida sim. Era um artista em um país que não valoriza essa categoria como deveria. O mercado editorial em crise também não é novidade e isso, infelizmente, o afetou nos últimos anos. Mas ele seguiu investindo em seus projetos e viveu de seu trabalho até o fim. Completou mais de 50 anos de carreira, uma marca para poucos. Sua administração financeira era peculiar e colocaria qualquer influenciador de finanças no chinelo. A dramaticidade era um grito de socorro sim, mas é falso que o Ota morreu na pindaíba. Ota estava orgulhoso de conseguir pagar todas as suas contas, apesar dos altos e baixos.
Ota não foi abandonado pela família. Em seus últimos anos de vida, viveu no apartamento que era de sua mãe com o consentimento de todos os quatro irmãos. Ota optou por viver em isolamento e foi respeitado. Tretas familiares todo mundo tem e com ele não foi diferente. Tudo ali foi respeitado, inclusive as interpretações que ele externava de “abandono”. Houve um cuidado em não forçar contatos que o estressaria, mas abandonado ele nunca foi. Sua irmã conversou com ele duas vezes recentemente, deu parabéns, compartilharam lembranças, tudo na boa. Tramas familiares em novelas são sempre muito complexas e não cabe a ninguém especular ou querer saber detalhes de questões particulares como essas. E a família é grande.
Ota era uma pessoa criativa, cheia de energia e viveu intensamente. Amava a vida e colecionava amigos (além de gibis).
O Ota não passou fome, não foi abandonado, estava ativo, cheio de planos e projetos e morreu de infarto dormindo. Qualquer um que fale o contrário, fala sem propriedade ou legitimidade, se baseia em fragmentos, desabafos característicos da sua oscilação de humor e um foco errado de uma energia que deveria ser utilizada em homenagens. E não são essas pessoas que cuidaram das partes que ninguém quer cuidar para organizar objetivamente o que é necessário quando alguém parte.
Aos que tinham projetos em andamento, tenham a certeza que faremos o possível para dar prosseguimento ao que estava sendo feito. Mas respeitem que o ritmo de quem perdeu um ente querido é diferente de quem pensa objetivamente em algum projeto.
O perfil Ota Assunção, que se tornará um memorial, a página Ota Comix (com X!!!) e o perfil no Instagram @ota.mix são os únicos canais legitimados a falarem oficialmente. Faremos tudo que estiver ao nosso alcance para preservar a memória do Otinha da melhor forma possível.
Respeitem o luto de familiares e amigos próximos.