Publicado originalmente no Brasil de Fato
Por Francisco Barbosa
Durante a sessão planária desta quinta-feira (20), realizada de forma virtual pela Câmara Municipal de Fortaleza, a vereadora Larissa Gaspar (PT) apresentou um requerimento para o envio de voto de congratulação ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pelos seus 32 anos de atividade no estado do Ceará, a ser comemorado no próximo dia 25 de maio.
De acordo com ela, esse requerimento foi alvo de muita discussão. Os vereadores até chegaram a pedir votação nominal, portanto em separado, para cada um dos 43 vereadores votarem individualmente. O resultado foi 19 votos contra as congratulações, 14 votos a favor e duas abstenções. Mas o que marcou a sessão foram as falas violentas contra os integrantes do MST. “Parlamentares bolsonaristas e, sobretudo, o inspetor Alberto (PROS), que é policial civil, bolsonarista, fez uma fala absolutamente violenta, criminalizando o movimento”, denunciou a vereadora.
Em sua fala, o vereador Inspetor Aberto iniciou chamando os integrantes do MST de “terroristas”, afirmando que “são tudo terroristas”. O vereador apresentou alguns documentos como “prova”, onde faziam comparações do MST com grupos guerrilheiros da Colômbia. E, exaltado, falou: “Ó presidente, pra esses cara aí só tem dois remédios: ou bala neles. Bala muita, ou então vai tudim pra fora do país”.
Gene Santos, da direção estadual do MST Ceará, diz que o Movimento não pode aceitar a colocação criminosa do vereador. “Repudiamos com veemência, com toda força essa colocação criminosa desse vereador hoje no poder legislativo de Fortaleza. É um retrocesso, não simplesmente por ser algo contra ao MST, mas deixa claro o despreparo, essa cultura do ódio contra os pobres. Inclusive agora, ainda mais armado por conta do governo federal de Jair Bolsonaro”.
Larissa explica que em sua fala pediu providências à Câmera, “porque o que nós assistimos na tribuna da Casa foi cometimento de um crime, um crime de apologia ao homicídio contra integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra”. Ela diz que aguarda o que vai acontecer em seguida, se o presidente da Câmara, o vereador Antônio Henrique do PDT vai tomar alguma providência.
Plenário
De acordo com a vereadora, vários vereadores tentaram criminalizar o movimento: Priscila Costa do PSC, Ronaldo Martins do Republicanos, Carmelo Neto também do Republicanos, entre outros.
Em sua fala, Carmelo Neto, do Republicanos afirmou que MST, na sua opinião, é um movimento que deveria ser considerado já há muito tempo uma organização terrorista.
A plenária completa pode ser assistida no canal do Youtube da Câmara Municipal de Fortaleza.
Tiros em foto de Lula
Em março deste ano, o vereador Inspetor Alberto (Pros) foi condenado a pagar R$ 5 mil em processo por danos morais por um vídeo publicado nas suas redes sociais, em setembro de 2019, em que aparece disparando dez vezes com uma arma de fogo contra uma foto do ex-presidente Lula (PT).
Em sua decisão, o juiz Mauricio Tini Garcia, da Justiça de São Paulo, afirmou que “os limites foram extravasados na hipótese dos autos, pois a manifestação do réu vai além de mera crítica, mas é marcada por atos de violência, que podem vir a colocar em risco a segurança do autor (Lula), à medida que a expressão raivosa do réu, ainda que direcionada à reprodução imagética do autor, pode sugerir atos que viriam a, concretamente, trazer maiores danos”
Fonte: BdF Ceará
Edição: Monyse Ravena