O policial responsável por negociar a prisão de Roberto Jefferson, Vinícius Secundo, agente de operações táticas da Polícia Federal, disse que “vestiu um personagem” durante as negociações. Em um vídeo que circula nas redes sociais, ele aparece rindo e conversando tranquilamente com o ex-deputado, mesmo depois dele ter atirado de vinte vezes contra os policiais.
A coluna de Juliana Dal Piva, no UOL, teve acesso a uma mensagem escrita por Secundo e encaminhada a colegas: “A responsabilidade da negociação era enorme, não havia condições de fazer uma entrada tática com tantas pessoas na casa e a informação que havia várias armas! Virou um gerenciamento de crise, se sai um inocente ferido ou morto, seria uma tragédia e nome da PF na lama! Eu vesti um personagem para desacelerar a situação da melhor maneira possível”.
O agente diz que é o chefe-substituto do Grupo de Pronta Intervenção (GPI) e informou ser um negociador formado pelo Comando de Operações Táticas (COT).
Integrantes da PF do Rio afirmam que a conversa gravada no vídeo aconteceu depois da rendição. “Aquela conversa do Vinicius não era negociação. Estava tudo terminado àquela altura. Apenas um papo entre bolsonaristas”, disse um agente à coluna.
O policial diz que a mensagem tenta criar uma narrativa para melhorar a imagem após o vídeo ter sido divulgado.
Na mensagem aos colegas, Segundo ainda comemorou que “tudo terminou bem sem ninguém ferido ou morto e o perpetrador preso”. Ele afirmou ainda que “não podia colocar todos os detalhes” e completou que “se a equipe do GPI estivesse no momento da troca de tiro, o resultado poderia ser outros, mas chegamos com uma situação de gerenciamento de crise, aí toda conduta muda!”.
A mensagem do policial foi enviada em vários grupos de policiais após circular o vídeo das negociações. A mensagem, porém, foi recebida com desconfiança por outros agentes da PF.
Alguns policiais avaliam que o texto não explica por que precisou falar mal dos outros colegas durante a conversa com Jefferson e nem o motivo de ele ter permitido que a ação fosse filmada por pessoas que não são da polícia e que isso gerasse um possível uso de propaganda política.