Victoria Villarruel, de 48 anos, foi eleita a nova vice-presidente da Argentina neste domingo (19). Ela tem raízes em uma família com vínculos militares argentinos e um histórico de posicionamento sobre a era da ditadura militar no país, considerando-a uma “guerra” contra o comunismo, vigente de 1976 a 1983.
A advogada ultraconservadora fez parte da chapa de Javier Milei, vencedor do 2º turno das eleições presidenciais com mais de 55% dos votos válidos, enquanto o candidato da situação, Sergio Massa, obteve 45% dos votos.
Filha do tenente-coronel do Exército Eduardo Villarruel, veterano da Guerra das Malvinas em 1982 contra o Reino Unido, Victoria possui um histórico familiar militar, incluindo seu avô, o contra-almirante Laurio Hedelvio Destéfani da Marinha.
Atuando como fundadora e presidente do Centro de Estudos Legais sobre o Terrorismo e suas Vítimas (CELTYV), Villarruel defende uma visão que equipara os crimes dos governos militares à ação de grupos armados contrários ao regime.
Entretanto, sua postura em relação aos crimes cometidos durante a ditadura é objeto de críticas por grupos de direitos humanos argentinos, que a rotulam como “negacionista”. A nova vice-presidente planeja realizar uma auditoria para reverter as indenizações pagas pelo Estado argentino às vítimas da ditadura militar.
Essa posição se contrapõe às mais de mil condenações judiciais por crimes contra a humanidade impostas a militares do período da ditadura.
“É hora de reivindicar aqueles que lutaram contra os grupos terroristas que tentaram instalar o comunismo na Argentina e que hoje estão presos injustamente por uma Justiça enviesada e manipulada pela esquerda”, disse Villarruel, em um evento no mês de setembro.