De Zurique
Agostinho é um português de 53 anos que há 30 vive na Suíça.
É garçom de uma cantina italiana em Zurique.
Assim é sua vida.
Ele recebe o salário mínimo do país, que são 3 400 francos suíços. Isso dá uns 7000 reais. Ganha também uma porcentagem sobre as contas dos clientes que atende no restaurante. Significa mais ou menos uma adição mensal de 4000 reais. E há ainda o dinheiro das gorjetas, por volta de 2000 reais por mês.
A renda familiar dele é complementada pela mulher, que trabalha na cozinha de um restaurante. Ela recebe o salário mínimo suíço. A família – o casal mais quatro filhos, entre 25 e dois anos – vive numa casa com um jardim de 150 metros quadrados nos arredores de Zurique. Não há muros porque a segurança é grande.
A educação das crianças sempre ficou por conta de escolas públicas. Quanto à saúde, cada membro da família tem um plano privado, o que é mandatório na Suíça. O plano de Agstinho custa cerca de 600 reais por mês, bem como o da mulher. O dos filhos é bem mais em conta. Caso precise de médico ou de hospital, Agostinho e os seus pagam 10% da conta. Os remédios prescritos são gratuitos.
Agostinho tem duas Mercedes, uma em Zurique e a outra no Porto, sua cidade em Portugal. É dono, lá, de uma quinta que ele avalia em mais de 1 milhão de reais.
Tem direito a cinco semanas de férias por ano.
Refere-se aos suíços com carinho. Diz não sofrer nenhum preconceito por ser estrangeiro e garçom.
Fala alemão fluentemente. É a língua de Zurique. Italiano, espanhol e inglês fala o suficiente para atender turistas.
Voltar a Portugal está fora de questão. O padrão de vida da família despencaria.
Mas em sua casa em Zurique a língua é o português.
De vez em quando algum filho se dirige a ele em alemão.
Ele avisa que o idioma ali é o português.