Em maio de 2017, o senador Randolfe Rodrigues foi à casa de Paula Lavigne, mulher e empresária de Caetano Veloso, explicar por que a saída de Janot da Procuradoria-Geral da República, em setembro, podia ser o fim da Lava Jato.
Pedro Luís e Maria Gadú ouviam-no atentamente.
“O que falta para acabar de vez? Ter um chefe do Ministério Público Federal que não dá apoio para a operação”, dizia Randolfe, numa defesa apaixonada e bocó.
“A Lava Jato está sem dinheiro”, garantia RR.
Aboletado num sofá, Caetano dedilhava seu violão.
Randolfe — que chegou a ser citado em duas delações premiadas da Odebrecht — era uma espécie de laranja da República de Curitiba.
Matéria do Uol em parceria com o Intercept mostra a proximidade com os procuradores.
Helio Telho o classifica como “aliado nosso”. Sua reeleição foi comemorada por eles.
Deltan Dallagnol usou a Rede Sustentabilidade para, como de hábito, extrapolar suas atribuições e perseguir Gilmar Mendes.
Numa mensagem, Dallagnol comemora o fato de Randolfe concordar em patrocinar uma ação contra Gilmar.
“Randolfe: super topou”, escreveu.
O senador pulou do barco desde que os primeiros chats vieram à tona.
No Twitter, denunciou as “práticas abusivas” e “fatos que interferiram diretamente nas eleições de 2018”.
“Espero que Moro e Dallagnol expliquem essa relação entre Judiciário e MP. Não podemos deslegitimar todo o combate à corrupção por conta de erros dos dois”, escreveu.
É injusto dizer que Deltan o usou. Um usou o outro, como num bom conluio ou casamento.
Nenhum dos dois nasceu ontem. Dallagnol não engana ninguém há muito tempo. A não ser quem quer ser enganado.
A certeza é que aquela noite com Caetano ficará para sempre em nossos corações.