O advogado Paulo Costa Bueno, que defende o ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou que ele decidiu ficar em silêncio durante depoimento à Polícia Federal porque a defesa não teve acesso à “integralidade” dos autos do inquérito.
“A falta de acesso a esses documentos, especialmente as declarações do tenente-coronel Mauro Cid e as mídias eletrônicas obtidas dos telefones celulares de terceiros e computadores, impede que a defesa tenha o mínimo conhecimento de por quais elementos o presidente é hoje convocado a esse depoimento”, diz o advogado.
Em frente à sede da PF em Brasília, ele ainda afirmou que “não teve acesso a todos os elementos” da investigação contra Bolsonaro. “Não houve, de forma alguma, da parte da defesa, qualquer constrangimento na vinda do presidente a esse depoimento, como ele sempre fez e continuará fazendo, sendo do maior interesse dele o esclarecimento dessa verdade”, prosseguiu.
Bueno ainda criticou a investigação por não ter acesso às provas. “Que fique claro: o único motivo pelo qual fez uso do silêncio foi dado ao fato de ele responder hoje a uma investigação semi-secreta”, concluiu.
Bolsonaro usou direito ao silêncio e não respondeu perguntas da PF.
“O único motivo é o fato dele responder uma investigação semi-secreta”, afirmou Paulo Bueno, advogado de defesa.
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— Metrópoles (@Metropoles) February 22, 2024
Bolsonaro e outros 23 investigados em inquérito que apura trama golpista para mantê-lo no poder foram convocados para oitivas nesta quinta. Além dele, o oficial do Exército Ronald Ferreira de Araújo Junior e o ex-ministro substituto da Secretaria-Geral da Presidência Mário Fernandes também ficaram calados.
Prevendo que alguns deles prefeririam o silêncio, a PF adotou uma estratégia-surpresa para interrogar os investigados, coletando informações simultaneamente para evitar versões combinadas e buscar contradições.