O presidente Lula criticou o mandatário americano Joe Biden e afirmou que ele não teve “sensibilidade” para parar a guerra entre Israel e o Hamas. Em entrevista à Al Jazeera, o petista apontou que os Estados Unidos têm grande influência sobre Israel.
“Sinceramente, eu não consigo compreender como uma pessoa tão importante quanto Biden, presidente do país mais importante do mundo, não tenha tido a sensibilidade para acabar com a guerra. Eles têm muita influência sobre Israel, têm muita influência econômica, financeira, militar e política. Não poderia ter parado a guerra?”, afirmou.
Lula defendeu que o presidente americano deveria ter “sentado numa mesa para conversar” e impedir que mais mortes ocorressem. “A palavra mata menos que um fuzil. Uma guerra não leva a nada”, prosseguiu.
O jornalista responsável pela entrevista, James Bays, citou a resolução do Brasil vetada no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) pelos Estados Unidos e afirmou que poucas semanas depois o país se absteve e deixou ser aprovado um documento similar.
O petista criticou a demora do país na aceitação da resolução de cessar-fogo. “Esperar matarem sete mil pessoas, destruir 40 mil casas, destruir um hospital que tinha até mesmo crianças, e então aceitar um acordo que eles poderiam ter concordado antes?”, finalizou.
No período entre o veto dos Estados Unidos e a resolução aprovada, que durou quase um mês, cerca de 7,6 mil pessoas morreram no conflito, sendo 3.653 delas crianças.
O presidente também foi questionado sobre o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e afirmou que ele é um “extremista” que não tem “sensibilidade para problemas humanitários”. O mandatário brasileiro diz que o premiê “tem que entender que o povo palestino precisa ser respeitado”.
“Ele é muito extremista, da extrema-direita, com pouca sensibilidade humana, com pouca sensibilidade com problemas humanísticos e com o povo palestino. O primeiro-ministro israelense acha que eles [os palestinos] são insignificantes, como se fossem um povo de terceira ou quarta categoria”, afirmou.
Lula avalia que, apesar de Netanyahu, há uma oposição muito forte em Israel e que há grupos “com mais sensibilidade e que poderiam trabalhar pela paz no país”.
Na entrevista, Lula também criticou a invasão da Ucrânia pela Rússia e descarou a prisão do presidente do país, Vladimir Putin, durante reunião do G20, presidido temporariamente pelo Brasil. Ele foi questionado se o líder russo seria recebido no encontro, dado que existe uma ordem de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra ele.
“Putin será convidado para o G20 e no próximo ano teremos uma reunião do Brics na Rússia. Eu vou participar da reunião do Brics e Putin será convidado para o Brasil. Ele não irá [para o Brasil] só se não quiser ir. Porque eu acredito que, juridicamente, os seus assessores e advogados terão que dizer o que ele deve fazer ou não. Mas se ele vier ao Brasil, dou a ele a garantia de que será respeitado e não será preso”, afirmou o presidente.